Prisão perpétua para ex-primeiro-ministro da Costa do Marfim

Guillaume Soro, líder da oposição e antigo braço direito do Presidente Alassane Ouattara, foi considerado culpado de “atentado contra a segurança do Estado”.

Foto
Alassane Ouattara e Guillaume Soro em 2011, quando o segundo era primeiro-ministro THIERRY GOUEGNON/Adama Toungara

O antigo primeiro-ministro e ex-presidente do Parlamento da Costa do Marfim foi condenado esta quarta-feira a prisão perpétua por “atentado contra a segurança do Estado”, num processo que envolvia outras 18 pessoas e em que era o principal suspeito.

Soro também se declarou culpado de “participar em grupo armado, posse sem licença de armas de fogo e de realizar manobras que podem pôr em perigo a segurança pública”, de acordo com a informação recolhida pelo portal de notícias Koaci.

Além disso, o tribunal determinou a dissolução do partido de Soro, Generações e Povos Solidários (GPS), vinculado pelo Ministério Público (MP) ao complot.

Os irmãos de Soro, Rigobert e Simon, e outros dois acusados, Alain Lobognon e Sékongo Felicien, foram condenados a 17 meses de prisão cada um por “alterar a ordem pública e difundir notícias falsas”. No entanto, serão libertados já esta quarta-feira por estarem em prisão preventiva desde Dezembro de 2019.

O tribunal costa-marfinense condenou, igualmente, outras cinco pessoas à revelia e seis soldados a 20 anos de prisão – quatro dos arguidos foram considerados inocentes.

O processo envolvia 14 membros das forças de segurança e cinco civis, todos eles próximos de Soros e estava relacionado com um arsenal encontrado na lagoa de Assinie, no sudeste do país. Junto com as armas, foram descobertos telefones e documentos.

Segundo o MP, as armas foram “submersas na lagoa antes de possíveis investigações”, acrescentando que na sede do GPS “foi encontrado um lote de material de comunicações militar” e “documentos que não deixam nenhuma dúvida sobre as acções e intenções deste movimento político”.

Soro já tinha sido condenado a 20 anos de prisão no passado dia 28 de Abril, considerado culpado de desvio de dinheiros públicos e branqueamento de capitais, no âmbito de outro processo.

O líder opositor também foi condenado à revelia pela compra de uma propriedade do Estado, em 2007, quando era primeiro-ministro, que a procuradoria defende que deveria ter sido devolvida ao Estado.

Uma condenação que impediu Soro de ser candidato às eleições presidenciais de Outubro passado, uma vez que a Constituição não permite a condenados concorrer às eleições. As presidenciais acabaram por ser vencidas por Ouattara com muita polémica à mistura, acusado de mandar prender os seus principais opositores.

Soro, de 47 anos, chefiou a tentativa de golpe de Estado contra o então Presidente Laurent Gbagbo em 2002. Depois das polémicas eleições presidenciais de 2010 e de uma breve guerra civil, foi Alassane Ouattara que assumiu o Poder, apoiado por Soro.

No entanto, o posterior distanciamento entre ambos levou Soro a demitir-se de presidente do Parlamento em Fevereiro de 2019.

Soro foi, entre Abril de 2007 e Dezembro de 2010, primeiro-ministro de Gbagbo, que, entretanto, voltou à Costa do Marfim depois de ser absolvido de crimes contra a humanidade pelo Tribunal Penal Internacional, e de Ouattara, entre Abril de 2011 e Março de 2012.

Sugerir correcção
Comentar