Costa do Marfim: Forças do Presidente eleito Ouattara cercam Abidjan

Foto
Forças leais a Gbabgo patrulham bairros de Abidjan Luc Gnago/Reuters

As forças de Alassane Ouattara, reconhecido pela ONU como o vencedor das eleições de Novembro na Costa do Marfim, estão a cercar a principal cidade do país, Abidjan, horas depois de o Conselho de Segurança da ONU ter adoptado sanções contra o Presidente cessante Laurent Gbagbo, que se recusa a abandonar o poder, e exigido a sua partida imediata.

“Confirmo que as nossas tropas estão a cercar Abidjan”, disse o primeiro-ministro de Alassane Ouattara, Guillaume Soro, que apelou a uma transferência de poder efectiva para o Presidente eleito. O bloqueio ao hotel onde Ouattara se encontra desde Novembro, protegido por capacetes azuis e sem conseguir assumir o poder, foi levantado, adiantou o responsável da missão da ONU na Costa do Marfim, Choi Young-jin. “As pessoas podem sair livremente”.

Depois de, nesta quarta-feira, as Nações Unidas terem aprovado sanções contra Laurent Gbagbo e a sua mulher Simone, que ficaram com os bens congelados e impedidos de viajar, e pedido ao Presidente cessante que abandone o poder “imediatamente”, as forças leais ao Presidente eleito avançaram para Abidjan e Guillaume Soro disse mesmo que o impasse que se prolonga há cinco meses iria resolver-se “em duas ou três horas”. E adiantou: “Para Gbagbo, o jogo acabou”.

Ouattara prometeu que a “integridade física” de Laurent Gbagbo seria respeitada, adiantou à AFP o embaixador da Costa do Marfim em França nomeado por Ouattara, Ally Coulibaly. Com as suas forças às portas de Abidjan e dissidências no campo de Gbagbo, O Presidente eleito estará agora mais perto de conseguir assumir a presidência. O seu campo decretou o recolher obrigatório em Abidjan das 21h00 às 6h00.

Pouco depois de terem sido anunciadas as sanções da ONU, o chefe das forças armadas de Gbagbo, Philippe Mangou, procurou refúgio em casa do embaixador da África do Sul, acompanhado da mulher e os filhos, naquele que foi mais um sinal de enfraquecimento da resistência de Gbagbo. Pouco depois, a BBC adiantou que também o chefe da polícia militar, Edouard Kassarate, desertou e juntou-se ao campo de Ouattara.

Ontem, antes de ser conhecida a decisão da ONU, soube-se que as forças de Ouattara conseguiram tomar a capital do país, Yamoussoukro, naquela que foi considerada uma vitória simbólica. Mas o principal objectivo é Abidjan, onde as forças do Presidente eleito acabaram por chegar.

Perante este avanço, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, apelou a Gbagbo para “ceder de imediato o poder a Ouattara e possibilitar a completa transição das instituições do Estado para as autoridades legítimas”. E também os EUA, através do subsecretário de Estado para África, Johnnie Carson, pediram contenção às duas partes e que “a protecção dos civis seja a principal prioridade”.

Em Abidjam temem-se confrontos. Apoiantes de Gbagbo estão a patrulhar, armados, alguns bairros da cidade, adiantou a BBC. Houve confrontos junto ao edifício da televisão estatal e nos subúrbios do Norte da cidade também foram vistos apoiantes de Gbagbo armados, adiantou a estação britânica.

Desde o início desta crise os confrontos na Costa do Marfim já causaram cerca de 500 mortos, segundo a ONU. Esta quinta-feira a Amnistia Internacional alertou para a possibilidade de “violações maciças de direitos humanos” quando as forças de Ouattara entrarem em Abidjan.

notícia actualizada às 21h10
Sugerir correcção
Comentar