Para os alemães, a extrema-direita é a maior ameaça ao país

Apoio a ideias extremistas relacionadas com a xenofobia, o racismo ou o anti-semitismo é partilhado por uma minoria dos alemães, revela estudo.

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Manifestação contra o partido de extrema-direita AfD em Chemnitz, em Setembro de 2018 FRANZ FISCHER / EPA

Cerca de 70% dos alemães acredita que a extrema-direita é uma “grande” ameaça, de acordo com os resultados de um estudo da Fundação Friedrich Ebert publicado esta terça-feira.

O estudo, que questionou 1750 pessoas acerca das suas atitudes e percepções políticas, mostra que, para além da extrema-direita, as alterações climáticas são entendidas com uma das maiores ameaças na Alemanha actualmente, embora em menor grau do que o extremismo político.

Uma pequena minoria diz partilhar as ideias da extrema-direita, embora o seu número aumente quanto mais baixo é o grau de escolaridade. Enquanto 3,2% dos alemães com menos estudos diz aderir à extrema-direita, apenas 0,8% dos inquiridos com nível superior de escolaridade afirma o mesmo.

O apoio a ideias de extrema-direita está presente sobretudo nas regiões onde o partido xenófobo e ultranacionalista Alternativa para a Alemanha (AfD) teve mais sucesso nas eleições legislativas de 2017, e onde vivem mais estrangeiros.

Apesar de ser um tema polémico, as migrações só são entendidas como uma ameaça por 25% dos alemães inquiridos.

O apoio ao regime democrático também é expressivo entre os alemães (72,8%), enquanto menos de um décimo (9,5%) diz não se sentir democrata.

A violência inspirada pela extrema-direita está a subir na Alemanha, de acordo com dados do Governo que mostram uma subida de 8,5% deste tipo de criminalidade só no ano passado. Um dos casos mais graves foi um ataque levado a cabo por um homem que matou nove pessoas na cidade de Hanau por motivações racistas, em Fevereiro do ano passado. Todas as vítimas tinham emigrado para a Alemanha ou eram familiares de imigrantes.

O Governo alemão considera o extremismo de direita como o maior perigo para a segurança interna do país. Recentemente, os serviços secretos publicaram um relatório em que se documentava o aumento das actividades destes grupos políticos. As autoridades estimam que mais de 33 mil alemães pertençam a organizações de extrema-direita e que quase metade esteja disposta a participar em acções violentas.

Uma das dimensões mais preocupantes é a penetração de militantes extremistas com inclinações neonazis, racistas e xenófobas nas forças de segurança. Ainda este mês foi desmantelada uma unidade especial da polícia em Frankfurt por causa da participação de muitos dos seus membros em grupos de partilhas de mensagens conotados com a extrema-direita.

Na semana passada, uma unidade do Exército alemão foi retirada da Lituânia, onde estava envolvida numa missão da NATO, depois de terem vindo a público relatos de uma festa em que vários militares participaram em actos violentos de agressão e abuso sexual, enquanto entoavam cânticos anti-semitas. Também já havia alegações de actos racistas por parte de elementos do mesmo pelotão, reveladas pela revista Der Spiegel.

A subida de atitudes anti-semitas na Alemanha – um tema extremamente sensível no país – também encontra eco nas conclusões dos estudos governamentais que relatam o aumento da violência da extrema-direita.

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