Foram afastados 19 polícias alemães por suspeitas de simpatia com a extrema-direita

Investigação a suspeitas de pedofilia encontrou chats ligados à extrema-direita.

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Polícia alemã já foi alvo de investigações por suspeitas de simpatias de agentes com a extrema-direita THILO SCHMUELGEN/Reuters

Uma investigação a suspeitas de pedofilia de um elemento de uma unidade de comandos da polícia do estado federado de Hesse, no centro da Alemanha, acabou por levar os investigadores a grupos de chats em que eram trocadas mensagens racistas e partilhadas suásticas e outras imagens que glorificavam os nazis. No total estarão envolvidos no caso 19 polícias no activo e um ex-polícia.

O jornal comenta que o caso é especialmente explosivo porque poderá haver envolvimento de polícias de elite. Na manhã de quarta-feira, foram efectuadas buscas a casas de seis elementos da unidade de operações especiais da polícia do estado, assim como nos locais de trabalho dos suspeitos na sede da policia em Frankfurt.

Dos 20 investigados, 17 são suspeitos de disseminar activamente conteúdos que incitam ao ódio como participantes nos grupos de chat. Os outros três são investigados por obstrução à justiça e por, como superiores, não terem feito parar a comunicação nem castigado os participantes.

A investigação está a ser levada a cabo pelo Ministério Público (MP) de Frankfurt e pela Polícia Judiciária do estado federado.

Esta é uma nova investigação, esclareceu uma porta-voz do MP de Frankfurt ao Tagesspiegel, e não há, até agora, provas de uma ligação a um outro grupo, suspeito do envio de cartas com ameaças cujas moradas teriam sido obtidas através de um computador da polícia.

O ponto de partida não teve, aliás, nada a ver com a extrema-direita, mas sim com pornografia infantil. Durante a investigação a um elemento da mesma unidade de operações especiais que era suspeito de partilhar pornografia infantil, foram encontrados no telemóvel do suspeito “vários grupos de chats onde era partilhado conteúdo criminoso”, disse a procuradora Nadja Niesen, citada pela agência Reuters.

A procuradora não avançou se e quando iria ser apresentada uma acusação formal.

A presença de elementos de extrema-direita na polícia levou a uma investigação no ano passado em que foram detectados 319 casos na polícia a nível nacional, enquanto nas Forças Armadas se detectaram 1064. Apesar de serem menos de 1% do total dos agentes, especialistas diziam que já não podiam ser considerados casos isolados. 

A extrema-direita é a maior ameaça à ordem democrática do país, segundo o BfV, o organismo de informação e espionagem interna.

O número de crimes cometidos por elementos da extrema-direita aumentou na Alemanha, atingindo em 2020 um recorde desde que começaram a ser recolhidos dados, em 2001. O Ministério do Interior divulgou no mês passado um relatório sobre crimes políticos no ano anterior, em que se registaram 23.064 crimes da extrema-direita, que foram mais de metade do total de crimes com motivação política cometidos no país, que incluíram 11 assassínios e 13 tentativas de assassínio.

Este mês, começou ainda a ser julgado o caso extraordinário de um militar que levava uma vida dupla, criando uma segunda identidade de refugiado sírio. O militar, Fanco A., foi detido em Abril de 2017 e pensa-se que o seu objectivo era levar a cabo ataques contra políticos usando a sua identidade falsa, para voltar a opinião pública contra a política de acolhimento de refugiados do Governo alemão de 2015.

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