Borrell acredita que vitória de Raisi no Irão não vai afectar negociações nucleares

Chefe da diplomacia europeia acredita ser possível chegar a um compromisso para reactivar o acordo nuclear iraniano. Negociações retomaram em Viena.

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Josep Borrell, Alto Representante da União Europeia para a Política Externa JOHANNA GERON/Reuters

O Alto Representante da União Europeia para a Política Externa, Josep Borrell, manifestou este domingo a expectativa de que a eleição de Ebrahim Raisi para a presidência do Irão não vai afectar as negociações em curso sobre o acordo nuclear iraniano.

“Espero que o resultado das eleições não prejudique o processo de negociação e, tanto quanto sei, acredito que não será o caso”, afirmou o dirigente europeu, num encontro com meios de comunicação social em Beirute, no Líbano, enquanto em Viena os países do acordo nuclear se reuniam para mais uma ronda de negociações, com vista a garantir o regresso dos Estados Unidos e do Irão ao cumprimento do pacto.

O líder da diplomacia europeia revelou ter falado esta semana com o ministro iraniano dos Negócios Estrangeiros, Mohamad Yavad Zarif, à margem do Fórum Diplomático em Antalya (Turquia), com o responsável iraniano a expressar o seu optimismo acerca do compromisso da nova liderança com as negociações.

“Falei com o ministro dos Negócios Estrangeiros cessante em Antalya e ele também acredita que o novo Presidente manterá os esforços”, vincou Borrell, considerando que as partes estão “muito próximas” de chegar a um acordo, embora tenha admitido que “o tempo está a esgotar-se”.

Disse que estava confiante em alcançá-lo porque, na sua opinião, um acordo seria “benéfico” tanto para o Irão como para os Estados Unidos e significaria uma melhoria da situação, num caso em termos de segurança e, no outro, em termos económicos e sociais.

No entanto, Borrell, lembrou também que o resultado das discussões em Viena, na Áustria, terá de ser ratificado por outros organismos em cada país.

O retomar das negociações ocorre um dia depois de o candidato Ebrahim Raisi, chefe do poder judiciário, ter alcançado uma vitória confortável e esperada com cerca de 62% dos votos nas eleições presidenciais do Irão.

Na reunião deste domingo na capital austríaca participaram China, França, Alemanha, Rússia, Reino Unido e Irão. Já os EUA, que deixaram o tratado em 2018 por decisão do então Presidente Donald Trump, participam de forma indirecta, através de intermediários, dada a recusa iraniana de se reunir directamente com Washington.

O Presidente dos EUA, Joe Biden, já expressou a sua intenção de fazer o país regressar ao pacto, mas primeiro exige que o Irão cumpra todas as suas obrigações; por sua vez, Teerão condiciona esta medida à eliminação prévia das sanções aplicadas por Washington. O Irão tem violado os termos do acordo nuclear desde 2019, especialmente em termos das metas de produção e pureza do urânio enriquecido.

O acordo nuclear de 2015 limita o programa atómico iraniano em troca do levantamento de sanções, com o objectivo de evitar que o Irão tenha acesso ou desenvolva armas nucleares.

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