Rússia vai emprestar mais de 400 milhões de euros à Bielorrússia

Decisão de pagamento da segunda tranche de um empréstimo de 1,2 mil milhões de euros surgiu durante o encontro entre Putin e Lukashenko.

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Lukashenko e Putin aproveitaram para fazer um passeio de barco no Mar Negro Reuters/SPUTNIK

O encontro entre os Presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e da Bielorrússia, Alexander Lukashenko, prolongou-se por mais um dia. De Sochi, o “homem-forte” da Bielorrússia saiu com uma promessa de dinheiro e uma importante demonstração de apoio.

O segundo dia do encontro entre os dois aliados, no sábado, teve um tom mais informal do que o anterior. As fotografias divulgadas pelo Kremlin mostraram os dois líderes a partilhar uma refeição e a andar de barco no Mar Negro, aproveitando “o bom tempo” do fim-de-semana, segundo o porta-voz da presidência russa, Dmitri Peskov.

A reunião gerou de imediato um efeito prático. Putin e Lukashenko chegaram a acordo para o pagamento de mais de 400 milhões de euros da segunda tranche de um empréstimo da Rússia ao país vizinho no valor 1,2 mil milhões de euros “no futuro próximo”, disse Peskov.

O apoio financeiro de Moscovo ao regime bielorrusso tem sido crucial para a sua estabilidade, mas mais significativo do que o valor é o sinal de apoio que saiu deste encontro em Sochi.

Lukashenko chegou à cidade russa no Mar Negro num dos momentos mais delicados da sua governação desde que chegou ao poder há 27 anos. O desvio de um comercial que ligava Atenas a Vilnius há uma semana para deter um dissidente do regime gerou uma onda de indignação na União Europeia, EUA e na NATO. O acto visto como muito hostil parece ter esgotado a paciência do Ocidente para com Lukashenko, a que se junta a forte repressão das manifestações do Verão passado e a perseguição a líderes da oposição.

Esta semana, os 27 Estados-membros da UE chegaram a acordo para alargar o pacote de sanções económicas contra a Bielorrússia e exigiram a libertação imediata do activista da oposição, Roman Protasevich, e da sua companheira, Sofia Sapega.

Neste contexto, o apoio do seu principal aliado era crucial para Lukashenko e foi isso que obteve de Putin. O Presidente russo recebeu calorosamente o homólogo bielorrusso e criticou a reacção da UE ao incidente. Nem a detenção de Sapega, uma cidadã russa de 23 anos, parece ter criado problemas entre os dois líderes, com o Kremlin a dizer apenas “não estar indiferente” ao seu destino.

No sábado, centenas de pessoas participaram em manifestações na Polónia e na Lituânia em que pediam a libertação dos dois activistas políticos. “Peço a todos os países da UE e aos EUA que nos ajudem a libertar Roman e Sofia, bem como todos os outros que estejam presos”, disse em Varsóvia, a mãe de Protasevich, Natalia.

Em Vilnius, a ex-candidata presidencial Svetlana Tsikhanouskaia mostrou esperança em tempos melhores. “Acredito que haverá mudanças em breve, haverá novas eleições, porque não pode ser doutra maneira”, afirmou.

Na Bielorrússia, a perseguição interna continua. Este domingo foi detido o jornalista Aliaksei Shota, editor de um site de notícias independente, acusado de divulgar conteúdos considerados “extremistas”. A Associação Bielorrussa de Jornalistas dizia na semana passada que há 27 profissionais dos media presos actualmente no país.

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