Quem é o jornalista bielorrusso detido?

Roman Protasevich foi um dos fundadores de um canal de Telegram que transmitia as manifestações antigovernamentais do ano passado.

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Protasevich durante uma audiência num tribunal de Minsk em 2017 Reuters/STRINGER

O activista político bielorrusso de 26 anos, Roman Protasevich, tornou-se o protagonista de um dos episódios mais sombrios da longa história de repressão do regime de Alexander Lukashenko. O avião em que seguia no domingo rumo a Vilnius foi desviado para Minsk onde o jornalista foi detido.

Num país onde a difusão de informação crítica do Governo é vista como um acto criminoso, divulgar apenas o que acontece é um desafio. Foi o que fez Protasevich, quando começou a transmitir em directo os protestos antigovernamentais no Verão do ano passado através de um canal na rede social de mensagens instantâneas Telegram.

A partir do exílio, Protasevich e outros activistas fundaram o Nexta (“alguém” em bielorrusso), que se transformou num canal muito influente junto dos milhares de manifestantes que durante meses não abandonaram as ruas.

Para além de transmitirem as enormes marchas, quebrando o silêncio dos media estatais, o Nexta também fornecia informações e apoio para a organização de manifestações. O movimento de protesto foi o maior desafio enfrentado por Lukashenko desde que chegou ao poder em 1994.

A resposta das autoridades foi pesada. Estima-se que desde Agosto do ano passado, mais de 35 mil pessoas tenham sido detidas, num país onde qualquer crítica aberta aos governantes é encarada como uma traição. A repressão obrigou a candidata presidencial Svetlana Tsikhanouskaia a fugir da Bielorrússia por temer atentados contra si.

Em 2019, Protasevich já tinha abandonado o país, exilando-se na vizinha Lituânia, por recear vir a ser preso pela sua actividade política.

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Desde cedo mostrou uma personalidade contestatária e depressa se tornou um dissidente do regime de Lukashenko.Com 16 anos foi expulso de uma escola prestigiada por ter participado numa manifestação antigovernamental e, anos depois, foi impedido de terminar o curso de Jornalismo na Universidade Estatal de Minsk, diz o New York Times.

A arriscada operação lançada pelos serviços secretos bielorrussos, o KGB, para deter Protasevich mostra que, para Lukashenko, a repressão contra todas as vozes opositoras não terminou.

O canal Nexta foi classificado como uma “organização extremista”, diz a correspondente da Sky News em Moscovo, Diana Magnay. Lukashenko “está a tentar amedrontar qualquer um na Bielorrúsia que esteja a trabalhar de alguma forma como jornalista e está claramente a tentar amedrontar qualquer pessoa fora da Bielorrússia também”, diz a jornalista.

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