Morreu o músico italiano Franco Battiato

Foi um dos nomes mais populares da cena musical italiana, e também um dos mais radicais. Tinha 76 anos.

Foto
Franco Battiato fotografado em Espanha, em 2008 SANTI OTERO/EPA

Músico, escritor, guionista e, até, pintor, Franco Battiato morreu na sua casa na Sicília, informou a família. Tinha 76 anos e doença de Alzheimer.

Cruzando influências várias, Battiato acabou por triunfar na pop, unindo, à sua maneira, a alta e a baixa cultura, escreve o diário espanhol El País, depois de lembrar que o músico e compositor representou Itália na Eurovisão de 1984.

Primeiro artista italiano a vender um milhão de cópias com o seu La voce del Padrone, começara a sua carreira em Milão, nos anos 1960. Apesar da sua grande popularidade, a produção de Battiato está ancorada na música experimental e no rock progressivo, acrescenta o jornal espanhol, lembrando que entre as suas maiores influências está Karlheinz Stockhausen, por sugestão de quem aprendeu a tocar violino. Ficaram amigos.

Entre os seus álbuns mais radicais, cujas edições são disputadas por coleccionadores, estão Fetus (1971), Pollution (1972) e Sulle corde di Aries (1973). Os grandes nomes da música contemporânea, como John Cage e Luciano Berio, nunca deixaram de estar entre as suas referências.

Indo do rock progressivo e de outra música de vanguarda à pop mais comercializável, Battiato é autor de grandes êxitos dos anos 70 e 80, estando o maior deles, La voce del Padrone, prestes a completar 40 anos.

Battiato foi um dos artistas mais importantes, completos e versáteis do universo artístico italiano”, escreve o espanhol El Mundo, lembrando que o compositor trabalhou também para outros intérpretes, como Giorgio Gaber, Caterina Caselli ou Giuni Russo, e nunca teve receio de desafiar o seu público em concertos, interrompendo o alinhamento feito de grandes êxitos que muitos sabiam de cor com temas marcados pelo experimentalismo, pela dissonância. 

Na sua carreira muito diversificada destacam-se ainda discos como Caffи de la Paix e Clic, obras complexas como as óperas Gilgamesh e Messa Arcaica ou a sonata para piano Egipto antes de las arenas. 

Apesar de uma intensa actividade na música, Battiato, que deu o seu último concerto em 2017, teve ainda tempo para a pintura, a escrita e o cinema. Como realizador deixou a assinatura em Perduto amor (2003) ou Musikanten (2005), ambos apresentados no festival de Veneza. 

Em 1995 o compositor lançou o álbum L'imboscata, cujo teledisco da canção La Cura foi gravado em Portugal.

Sugerir correcção
Comentar