“Chef do Futuro” é português: Alexandre Silva distinguido pela Academia Internacional de Gastronomia

Depois de uma estrela Michelin para o Loco, mais uma distinção para Alexandre Silva, ambém chefe do Fogo e parceiro do turismo rural Craveiral. Em Portugal, foram ainda distinguidos o sommelier André Figuinha, o pasteleiro João Picão, o programa de culinária de Maria José de Sousa e o livro História dos Paladares de Deana Barroqueiro.

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Nuno Ferreira Santos

chef português Alexandre Silva, com uma estrela Michelin no seu restaurante Loco, foi distinguido com o prémio Chef do Futuro pela Academia Internacional de Gastronomia, atribuído a cozinheiros promissores a nível mundial, anunciou a organização.

A distinção Chef de l"Avenir “tem um significado especial”, após mais de um ano de pandemia de covid-19, que obrigou ao encerramento da restauração durante vários meses, disse à Lusa Alexandre Silva, à frente dos restaurantes Loco e Fogo, além de parceiro do turismo rural Craveiral, em São Teotónio (Odemira), com um projecto gastronómico e agrícola.

“As equipas que trabalham comigo precisavam de um reforço. [Mostra] que estamos no bom caminho, apesar das dificuldades que temos encontrado neste último ano e da vontade de, às vezes, desistir disto tudo”, afirmou o chef português, 40 anos.

Alexandre Silva comentou que, após a reabertura dos dois restaurantes, está surpreendido com a resposta dos clientes. “As coisas estão a andar mais depressa do que aquilo que nós prevíamos, na verdade, o que é muito bom. E este prémio é um reforço disso tudo. Sinto que as pessoas estão com vontade de regressar ao restaurante”, referiu, descrevendo que chegam também cada vez mais clientes estrangeiros.

Sobre o prémio, Alexandre Silva admitiu ter recebido a notícia com surpresa. “Espero que este prémio também traga mais [clientes] ainda e que também ajude a promover Lisboa e Portugal, lá fora. É sempre bom ter um cozinheiro reconhecido a nível internacional, é óptimo para o país”, disse.

Alexandre Silva descreve a sua cozinha como baseada no “produto e no ADN português” e inspirada “nas viagens e nos antepassados”.

Um trabalho que tem desenvolvido no Fogo, apostando totalmente na confecção pelo fogo. “É recuperar um processo em que somos exímios. A nossa tradição gastronómica vem toda do fogo, cozinha com fogo, fornos a lenha, fogo aberto, potes de ferro... As coisas foram desaparecendo e infelizmente ninguém fala sobre o assunto, mas devia ser falado”, sublinhou.

Segundo um comunicado a que a agência Lusa teve acesso, divulgado na sexta-feira, a Academia Internacional de Gastronomia distinguiu também, em Portugal, o sommelier André Figuinha (restaurante Feitoria, Lisboa, uma estrela Michelin) e o pasteleiro João Picão, do JNcQuoi (Lisboa).

O prémio Multimédia foi atribuído ao programa A Nossa Cozinha, de Maria José de Sousa, e o de Literatura Gastronómica à obra História dos Paladares, de Deana Barroqueiro.

A nível internacional, o Grande Prémio da Arte da Cozinha foi entregue ex-aequo a todos os nomeados, uma decisão excepcional que se deveu à situação provocada pela pandemia.

Os distinguidos são: Peter Goossens, restaurante Hof van Cleve (Bélgica); Toño Pérez, restaurante Atrio (Espanha); Guy Savoy (França) e Antonia Klugman, restaurante L"Argine a Venco” (Itália).

A Academia Internacional de Gastronomia saudou “a coragem e resiliência do sector na atual situação vivida, nomeadamente em virtude das restrições de funcionamento, ou de encerramento administrativo, dos espaços de restauração” e salientou “a importância da continuidade da sua actividade em moldes, porventura, adaptados”.

“Sem a sua actividade, o mundo não será seguramente tão festivo ou convivial”, considerou a academia. 

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