Iglesias abandona debate em directo depois de o Vox duvidar das ameaças de morte que recebeu

O líder do Podemos, o ministro do Interior e a directora-geral da Guarda Civil receberam cartas anónimas e balas. “O teu tempo esgota-se”, lê-se na missiva dirigida ao candidato à comunidade de Madrid.

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Pablo Iglesias deixou o cargo de vice-presidente do Governo de Espanha para se candidatar à comunidade de Madrid JUANJO MARTIN/EPA

Pablo Iglesias, líder do Unidas Podemos e candidato à liderança da comunidade de Madrid, abandonou esta sexta-feira um debate em directo na estação de rádio Cadena Ser, depois de a candidata do Vox, Rocío Monasterio, ter posto em causa a veracidade das ameaças de morte que o ex-vice-presidente do Governo de Espanha recebeu na quinta-feira.

O debate tinha sido antecedido por declarações da candidata da extrema-direita à rádio RNE, nas quais dizia que “acreditava pouco em Pablo Iglesias”. “Cada vez que ouvimos o que diz duvidamos, porque nos tem vindo a enganar vilmente durante este ano”, afirmou Monasterio.

Na sua primeira intervenção do debate na Cadena Ser, Iglesias dirigiu-se à representante do Vox na corrida às eleições de 4 de Maio e disse-lhe que “se não se retratasse”, iria abandonar o estúdio. “Se é tão valente, levante-se e vá-se embora”, recebeu, em resposta. 

A jornalista Àngels Barceló ainda tentou serenar os ânimos, criticando duramente Monasterio e tentando convencer o líder da plataforma de esquerda radical a permanecer no seu lugar, mas este mostrou-se irredutível e saiu. 

O debate – que já não contava com a participação da actual presidente da comunidade de Madrid e candidata do Partido Popular (PP), Isabel Díaz Ayuso – acabou por ser um fiasco, uma vez que Ángel Gabilondo, do Partido Socialista (PSOE) e Mónica García, do Más Madrid, também saíram porta fora, em solidariedade com Iglesias, precipitando o fim da emissão.

Em causa estão as três cartas anónimas com mensagens ameaçadoras, acompanhadas por munições de espingarda, recebidas na quinta-feira no Ministério do Interior, que tinham como destinatários o ministro, Fernando Grande-Marlaska (PSOE), a directora-geral da Guarda Civil, María Gámez, e Pablo Iglesias.

“Pablo Iglesias Turrión, deixaste morrer os nossos pais e avós. A tua mulher, os teus pais e tu estão sentenciados com a pena capital. O teu tempo esgota-se”, lê-se na missiva dirigida a Iglesias, que o antigo vice-presidente do Governo liderado pelo socialista Pedro Sánchez partilhou na quinta-feira no Twitter. 

A fotografia mostra uma folha de papel com palavras redigidas em letras maiúsculas e frases sem pontuação. Ao lado, vê-se o envelope com o nome de Iglesias e quatro balas de uma “espingarda Cetme”.

Segundo a denúncia apresentada pelo Ministério do Interior na Direcção-Geral da Polícia Nacional, vista pelo El País, a carta dirigida a Grande-Marlaska dizia o seguinte: “Tens dez dias para te demitires. O tempo de andares a rir-te de nós terminou”.

“Isto é mais outra consequência da normalização e do branqueamento do discurso de ódio da extrema-direita. É consequência da normalização mediática dos boatos e das mentiras sobre nós. E é também a consequência da impunidade”, lamentou Iglesias, que no início do mês já tinha denunciado um ataque “da extrema-direita” à sede do Unidas Podemos em Cartagena, na província espanhola de Múrcia.

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