A nascente do rio Lis vai ser palco para músicos e artistas visuais

No caminho pedonal das Fontes, em Leiria, serão expostas as criações de artistas visuais e músicos, construídas a partir da reflexão sobre temas das ciências sociais. A iniciativa é da cooperativa Ccer Mais e arranca a 24 de Abril.

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Nuno Ferreira Santos

A nascente do rio Lis, nas Fontes, em Leiria, vai ser o espaço expositivo de um projecto que desafia artistas do concelho e de fora a criarem instalações sonoras e visuais, que têm como ponto de partida uma conversa com investigadoras. O projecto Nascentes, que arranca este sábado, 24 de Abril, e se estende ao longo de cinco semanas, desafia 20 artistas a fazerem co-criações sonoras e visuais, que ficarão expostas no caminho pedonal que liga a localidade das Fontes até à Grota, a nascente do Lis, anunciou a organização.

Organizados em duplas (dois para cada co-criação visual e sonora), o processo criativo arranca a cada sábado, com uma tertúlia em que uma investigadora das ciências sociais reflecte sobre um tema. Até à sexta-feira seguinte, os artistas vão estar em residência artística no Serra - Espaço Cultural, a um minuto das Fontes, onde trabalham numa criação conjunta.

A nascente como criação, o aparecimento do ser humano, o encontro com outros, o misticismo, a crença e religião e a organização social são os cinco temas que servem como mote de partida para o processo criativo de cada grupo de artistas, referiu a organização.

“As conversas com as investigadoras serão uma partilha de conhecimento que pode ser informal, mas não se define propriamente o rumo, é como a água. Podemos fazer um carreiro, mas o rio ou a ribeira pode encontrar outros cursos ou outros caminhos”, disse à agência Lusa o director artístico do projecto, Gui Garrido.

No projecto participam os artistas visuais Sara & André, Paulo Sellmayer, Miguel Rondon, Lisa Teles, Tiago Baptista, Nuno Gaivoto, Gonçalo Pena, Leonardo Rito e Valter Vinagre.

Pedro Pestana, Vasco Silva, Surma, Hasselberg, Edgar Valente, João Cabrita, Pedro Melo Alves, Labaq, Inês Bernardo e César Cardoso são os músicos responsáveis pelas co-criações sonoras.

“Este projecto já vem de um caminho, que tem a ver com uma série de pessoas que têm o seu espaço no Serra e que estão bastante perto das Fontes e da nascente do Lis”, explicou Gui Garrido.

A iniciativa procura também reflectir sobre o conceito de nascente, que “tem os seus desvios, que tem os seus percalços”, notou, salientando que espera que a iniciativa também provoque outros caminhos, num cruzamento entre diferentes artistas, com diferentes sensibilidades, de Leiria e de fora.

A exposição a céu aberto, que vai crescendo ao longo das cinco semanas, não tem para já uma data de término. “Enquanto a comunidade a abraçar e fizer sentido, ela manter-se-á”, realçou. O projecto, produção da cooperativa Ccer Mais, que gere a editora Omnichord, irá também contar com um podcast sobre os diferentes processos de criação e um livro, que vai procurar documentar toda a iniciativa.

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