Autoeuropa: negociações salariais avançam, mas ainda falta acordo global

Administração melhorou proposta de aumentos para 2021. Comissão de Trabalhadores reconhece avanços mas diz que acordo ainda está a “grande distância”.

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LUSA/MÁRIO CRUZ (arquivo)

A administração da Autoeuropa reviu a sua proposta de aumentos salariais, mas ainda não chegou a um acordo global com os trabalhadores. Na Autoeuropa trabalham cerca de 5200 pessoas.

Depois de recusarem a primeira proposta, com aumento zero em 2021 e aumentos iguais à inflação em 2022 e 2023, para um acordo de empresa a três anos, os trabalhadores receberam nova proposta que, segundo o Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Actividades do Ambiente do Sul (Site-Sul), mantém uma proposta a três anos, com aumento de 0,4% em 2021 e mantém as propostas da primeira versão para 2022 e 2023.

De acordo com o comunicado da Comissão de Trabalhadores (CT) da Autoeuropa, “na última proposta a Administração já fez uma oferta em que no primeiro ano oferece um valor acima da taxa de inflação. Nos dois anos seguintes, mantém-se o aumento igual à taxa de inflação”.

Por outro lado, a empresa aceita o pagamento do saldo de down-days positivo a cada ano e não apenas no fim do prazo do acordo de empresa (pagamento em Janeiro de 2024). E também já há um “entendimento” para “melhorar as coberturas do seguro de saúde”.

Outro ponto a impedir um acordo era a chamada conta do tempo. Segundo a CT, “após a intransigência” dos representantes dos trabalhadores, e do “descontentamento manifestado” por estes, a administração “retirou a proposta de transformar a compensação pelo trabalho ao fim-de-semana em down-days, nos regimes de laboração contínua”.

A gestão da fábrica portuguesa que a Volkswagen tem em Palmela tinha proposto a conversão daquela compensação (prémio de laboração contínua de 100% por cada sábado e cada domingo trabalhados em horário normal, pagos no mês seguinte) em banco de horas.

Ou seja, em vez de pagar a dobrar pelo trabalho ao fim-de-semana, pretendia pagar o mesmo que à semana, dando horas aos trabalhadores que prestem serviço aos sábados e aos domingos.

A mesma fórmula aplicar-se-ia a outros rendimentos, segundo a CT, como 50% do prémio de objectivos e o descanso compensatório do trabalho extraordinário.

“Resumindo, apesar do recuo da Administração em algumas das suas propostas iniciais, ainda nos encontramos a uma grande distância, tendo em conta as pretensões manifestadas pelos trabalhadores”, conclui a CT que, esta semana, vai continuar a reunir-se com a equipa de gestão para prosseguir com as negociações.

A CT está também a estudar como vai fazer plenários dentro das regras e parâmetros definidos pela Direcção-Geral de Saúde, por causa da pandemia.

Para quarta-feira estava agendada uma reunião entre responsáveis da gestão e representantes da comissão sindical do Site-Sul na Autoeuropa. Porém, segundo um comunicado sindical, tal encontro foi adiado e reagendado agora para 3 de Maio.

Os sindicalistas garantem que a Autoeuropa” tem condições económicas e financeiras para responder positivamente às reivindicações dos trabalhadores”. E anunciam que aproveitarão as comemorações do 1.º de Maio em Setúbal para insistir nessa reivindicação.

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