Sauditas e iranianos iniciam conversações directas depois de anos em silêncio

Fontes indicaram ao Financial Times que os dois rivais iniciaram contactos no Iraque. Riad e Teerão cortaram relações em 2016, depois da invasão da embaixada saudita no Irão, em protestos por causa da execução de um religioso xiita.

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O primeiro-ministro iraquiano, Mustafa Al-Kadhimi, que está a facilitar as negociações, esteve em Meca o mês passado Reuters/STRINGER

Responsáveis sauditas e iranianos começaram, este mês, conversações para tentar aliviar a tensão, em especial em relação à guerra no Iémen, disseram fontes ao diário britânico Financial Times – um alto responsável iraniano e duas fontes regionais. As conversações acontecem quando Washington tenta reavivar um pacto nuclear de 2015 para o nuclear iraniano.

O encontro terá decorrido a 9 de Abril no Iraque, e não resultou em nenhum avanço substancial, disseram as fontes, sublinhando que se tratou de uma reunião para “explorar se poderá haver um modo de aliviar a tensão na região”. A mesma fonte disse que o encontro se focou na guerra no Iémen, onde os dois rivais levam a cabo uma guerra por procuração, com uma coligação chefiada pela Arábia Saudita a combater rebeldes houtis alinhados com o Irão, desde Março de 2015.

A delegação saudita foi liderada pelo chefe dos serviços secretos Khalid bin Ali al-Humaidan.

A reunião foi feita a pedido do Iraque, disse ainda a fonte.

O primeiro-ministro iraquiano, Mustafa Al-Kadhimi, reuniu-se com o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, no início do mês, e também visitou os Emirados Árabes Unidos, aliados da Arábia Saudita.

A segunda fonte regional disse que a reunião tinha incidido também sobre o Líbano, que enfrenta um vazio político e uma enorme crise financeira. Os estados do Golfo estão preocupados com o papel cada vez maior do movimento Hezbollah, apoiado pelo Irão.

O Financial Times disse que uma fonte saudita negou que as conversações tivessem tido lugar.

A Arábia Saudita cortou ligações com o Irão em Janeiro de 2016 depois da invasão da sua embaixada em Teerão, em protestos por causa da execução, em Riad, de um líder religioso xiita.

Um diplomata ocidental na região disse que os EUA e o Reino Unido tinham conhecimento do avanço de conversações mas não do seu resultado.

Washington e Teerão estão a ter conversações indirectas em Viena para tentar reavivar o Tratado sobre o nuclear iraniano, que não resistiu à retirada dos EUA levada a cabo pelo Presidente norte-americano, Donald Trump. Teerão quebrou várias restrições depois e Trump impor sanções, e está, desde a semana passada, a enriquecer urânio a 60%.

A Arábia Saudita pediu, na semana passada, que um novo acordo tenha parâmetros mais estritos e o envolvimento dos Estados do Golfo, que estão preocupados com o programa de mísseis do Irão e o seu apoio a grupos armados na região.  

Os Estados Unidos também estão a pressionar para um cessar-fogo no Iémen, aceite, para já, por Riad e pelo governo iemenita apoiado pelos sauditas. Os houthis ainda não o aceitaram e continuam os ataques também a cidades sauditas.

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