Serviço prisional russo garante que o estado de saúde de Navalny é “estável e satisfatório”

Apoiantes do opositor político russo mostram-se ainda mais alarmados porque “nem o Serviço Penitenciário Federal consegue descrever o estado de Alexei como bom”.

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Alexei Navalny MAXIM SHEMETOV/Reuters

Um dia depois de os seus apoiantes terem levantado alarmes sobre o estado de saúde de Alexei Navalny, o serviço prisional da Federação Russa afirmou esta quinta-feira que o opositor político russo está “estável e satisfatório”.

“No dia 24 de Março, foram realizadas análises médicas. De acordo com os resultados da avaliação, o estado da sua saúde é considerado estável e satisfatório”, informou o Serviço Penitenciário Federal, numa declaração transmitida pelos noticiários estatais.

Também esta quinta-feira, Dmitri Peskov, porta-voz do Presidente Vladimir Putin, disse que o Kremlin não tem seguido o desenvolvimento do estado de Navalny.  “O estado da saúde dos prisioneiros é monitorizado pelas autoridades prisionais, essa é a sua responsabilidade”, declarou.

Foi na quarta-feira que Leonid Volkov, aliado de Navalny, partilhou as suas preocupações acerca do estado de saúde do opositor do Kremlin, revelando que o activista político se tinha queixado de dores intensas nas costas e de dormência numa perna. O alerta cresceu de intensidade quando foi recusada a visita dos advogados para uma reunião agendada para esse dia.

“Agora estamos mesmo alarmados”, reagiu a Fundação Anticorrupção, de Navalny, no Twitter, acrescentando que “nem o Serviço Penitenciário Federal consegue descrever o estado de Alexei como bom”.

Alexei Navalny tinha sido transferido para a colónia penal IK-2, conhecida pelo controlo apertado sobre os prisioneiros, para cumprir uma pena de dois anos e meio. A detenção tem como base uma acusação de violação da liberdade condicional, enquanto recuperava de um envenenamento quase fatal com o agente nervoso Novichok, que o opositor político acredita ter sido encomendado pelo Governo russo. O Kremlin nega as acusações.

Em apoio ao activista político, perto de 160 figuras do universo cultural, incluindo escritores, músicos e cineastas, publicaram, nesta quinta-feira, uma carta aberta às autoridades, pedindo que os advogados tenham acesso a Navalny, e que o próprio esteja detido em condições normais.

A contestação também tem saído à rua: os defensores do crítico anunciaram na terça-feira a intenção de organizar este ano os maiores protestos populares contra o Kremlin. Só na quarta-feira cerca de 200 mil pessoas registaram-se para participar.

As denúncias internacionais também não tardaram a chegar. Numa declaração conjunta, publicada no Twitter, a Letónia, a Lituânia e a Estónia exigiram a prestação de cuidados médicos ao activista, referindo as “informações perturbadoras sobre a condição de saúde de Navalny”, acrescentando que o acesso aos cuidados de saúde é um direito básico “até para os prisioneiros políticos”.

“Apelamos às autoridades russas que garantam cuidados médicos a Navalny o mais rápido possível. Apelamos à comunidade internacional e ao Conselho Europeu para também denunciarem a situação”, dizia a declaração, referindo-se à cimeira de chefes de Governo da União Europeia que arranca esta quinta-feira.

Outros países já tinham manifestado o seu desagrado e imposto sanções sobre a Rússia, contribuindo para o agravamento dos laços entre a Rússia e os países ocidentais.

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