Saúde de Alexei Navalny está a “deteriorar-se” na prisão, diz um dos seus coordenadores

O opositor russo queixou-se aos seus advogados de dores fortes nas costas e dormência nas pernas. E esta quarta-feira os seus advogados foram impedidos de entrar na prisão. Leonid Volkov acredita que terá sido levado para o hospital.

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Alexei Navalny foi detido em Janeiro, após recuperar de um envenenamento quase fatal que, acusa, for ordenado pelo Kremlin SIMONOVSKY DISTRICT COURT/Reuters

O estado saúde de Alexei Navalny está a “deteriorar-se” na prisão, segundo avançaram os apoiantes do opositor russo, esta quarta-feira, alertando que a sua vida pode estar em risco. Os advogados de Navalny foram impedidos de entrar na prisão, o que leva os aliados do político a acreditar que tenha sido levado para o hospital da prisão.

Na última semana, Navalny queixou-se aos advogados de que tem sofrido dores intensas nas costas e dormência nas pernas, segundo avançou no Telegram o coordenador da rede regional de Navalny, Leonid Volkov. De acordo com Volkov, Navalny não conseguia fazer força numa perna e apenas foi medicado com dois comprimidos de Ibuprofeno para aliviar as dores.

Volkov acrescentou que os advogados de Navalny foram impedidos pelos funcionários de realizar a reunião que tinham programado para esta quarta-feira. “Acreditamos que ele estará no hospital da prisão e a administração da [colónia penal] IK-2 pode estar a tentar encobrir esta informação”, disse Volkov.

Alexei Navalny foi transferido este mês para a colónia penal n.º2 de Pokrov, a 100 km de Moscovo, considerada um dos estabelecimentos prisionais mais rígidos do país, conhecida pelo isolamento psicológico e pelo controlo apertado dos presos. O próprio Navalny descreveu a prisão como um “campo de concentração”, na sua página de Instagram.

“Dentro das circunstâncias que conhecemos, uma deterioração aguda na sua saúde não pode deixar de causar uma grande preocupação”, escreveu Volkov.

Maria Pevchukh, directora de investigação na Fundação Anticorrupção de Navalny, escreveu no Twitter que acredita “que a vida de Navalny está em perigo”, exigindo “que os seus advogados tenham acesso imediato” ao opositor.

Navalny, de 44 anos, enfrenta uma pena de dois anos e meio por ter violado a liberdade condicional, depois de ter sido transferido para a Alemanha para recuperar do envenenamento que quase lhe custou a vida. Alguns países europeus e a Organização para a Proibição de Armas Químicas determinaram ter encontrado em Navalny uma forma de Novichok, um químico altamente tóxico desenvolvido na União Soviética, e conhecido por causar perturbações na transmissão de informação do cérebro para os músculos.

O crítico acusou os serviços de segurança russos de tentativa de homicídio sob as ordens do Presidente russo, Vladimir Putin, acusações que o Kremlin nega.

Em apoio ao crítico após a sua detenção em Janeiro, uma onda nacional de protestos foi respondida pela polícia com uma violenta repressão e a detenção de mais de dez mil pessoas.

Os aliados de Navalny já anunciaram em resposta, na terça-feira, que planeiam organizar novos protestos assim que reunirem um milhão de assinaturas de pessoas que pretendam marcam presença.

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