Escola: o regresso esperado, mas (mais uma vez) pouco preparado!

Vamos regressar sem que nada tenha sido alterado. Testes não foram feitos, máscaras nada e vacinação, por ter sido dos poucos países europeus que não deu prioridade à classe docente.

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Anna Costa

Já quase ninguém tinha dúvidas de que o regresso às escolas se faria a 15 de março. Apesar de estar envolta em alguma falta de consenso entre especialistas e mesmo entre as mais altas figuras políticas de Estado, a decisão foi tomada.

É consensual que o ensino à distância não substitui o ensino presencial, sobretudo nos níveis de ensino que reabrirão antes da Páscoa. Com o ensino à distância perdem-se aprendizagens, quer formais quer informais, fundamentais para o saudável desenvolvimento dos alunos. Perante estes factos e a pressão pública, o Governo decidiu!

A expectativa e as previsões, mesmo do próprio Governo, eram de que o desconfinamento pudesse começar pelas escolas e ainda antes da Páscoa. Com isto, o que me surpreendeu foi o facto de não ter visto nenhum tipo de preparação para a já mais que previsível abertura. É certo que em pandemia decisões a um mês são verdadeiros tiros no escuro, mas nada impede que se preparem cenários. Se as condições pandémicas permitirem e tivermos de regressar o que tem de estar preparado? Testes, vacinação, máscaras obrigatórias?

Uns dias antes do anúncio oficial, o Governo havia divulgado um investimento de 20 milhões de euros para testes à covid-19 em todas as escolas públicas e privadas e ponderava, como referiu a ministra da Saúde, incluir os professores nesta primeira fase de vacinação. Além disso ainda anunciou a compra de máscaras para os alunos do 1.º ciclo.

Para este Governo basta anunciar. O executar é um pouco “logo se vê como”!

Segunda-feira dia 15 de março, um ano depois do primeiro confinamento, o regime presencial vai recomeçar para creche, pré-escolar e todo o 1.º ciclo. Estamos a falar de mais de meio milhão de professores/educadores e crianças. Vamos regressar sem que nada tenha sido alterado. Testes não foram feitos, máscaras nada e vacinação, por ter sido dos poucos países europeus que não deu prioridade à classe docente, só quando houver vacinas que, como se sabe, estão atrasadas para todos.

Se desde sempre, nesta pandemia, se fala na importância da escola e no fundamental que é mantê-la aberta pois é o principal suporte socioeconómico, porque é que não se acautelam todos os cenários possíveis para que não se tenha de fechar a cada vaga? Sendo o desejo de todos, pelo menos daqueles a quem lhes é dada oportunidade de comentar, porque não se prepara e planifica estruturadamente o regresso?

Desde do confinamento que nada foi feito de diferente para preparar a reabertura das escolas e isso deveria ser um sinal de enorme alarme.

No entanto, o que mais se vê na imprensa são os roteiros de desconfinamento e as dicas para que, a partir desta segunda-feira, se deixe as crianças na escola, de seguida se vá beber rapidamente um café ao postigo porque o cabeleireiro está marcado.

Assim, a mensagem de que o regresso será faseado e a conta-gotas não passará.


O autor escreve segundo o novo Acordo Ortográfico

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