Índia e Paquistão concordam em respeitar cessar-fogo em Caxemira

Numa das fronteiras mais militarizadas do mundo, o anúncio de um acordo para cumprir o cessar-fogo em vigor desde 2003 é um raro momento de alívio da tensão.

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Soldados indianos em patrulha em Caxemira FAROOQ KHAN / EPA

O Paquistão e a Índia alcançaram esta quinta-feira um acordo para fazer cumprir o cessar-fogo na região de Caxemira, reivindicada pelos dois países. A fronteira entre ambos é palco frequente de escaramuças que deixam soldados e civis feridos e, por vezes, mortos.

De acordo com o Exército paquistanês, as chefias militares dos dois países vizinhos chegaram a um entendimento para “o respeito estrito de todos os acordos, e o cessar-fogo ao longo [da Linha de Controlo] e todos os outros sectores, com efeitos a partir da meia-noite [de sexta-feira]”. As negociações entre os dois exércitos decorreram numa “atmosfera livre, franca e cordial”, segundo o mesmo comunicado.

Desde 2003 que vigora um regime de cessar-fogo na fronteira entre a Índia e o Paquistão, mas muito raramente é respeitado. Só no ano passado, ataques esporádicos com origem no território indiano mataram pelo menos 28 civis e feriram 257 pessoas do outro lado da fronteira, de acordo com as estatísticas do Governo paquistanês.

Por outro lado, o Paquistão é acusado de 5.133 violações do cessar-fogo que causaram 22 mortes de civis e 24 de soldados, bem como 197 feridos, segundo o Ministério do Interior da Índia.

Só desde o início do ano, foram registadas 175 violações do cessar-fogo que resultou no ferimento de oito civis, diz a Al-Jazeera.

A promessa do cumprimento estrito do cessar-fogo pelos dois países é um desenvolvimento inesperado e bem-vindo. A reivindicação sobre Caxemira motivou duas das três grandes guerras que a Índia e o Paquistão travaram no século XX e inúmeros conflitos de menor grau.

Em Fevereiro de 2019, a ameaça de um novo confronto pairou depois de a Índia ter acusado o Paquistão de ser responsável por um ataque terrorista que matou 44 polícias na Caxemira indiana. A Força Aérea indiana bombardeou algumas zonas do Paquistão, que respondeu com bombardeamentos.

A tensão apenas baixou quando o Paquistão devolveu em segurança um piloto indiano que se tinha despenhado.

Desde então, apesar de não ter havido mais confrontos, a desconfiança não foi superada e as relações entre as duas antigas colónias britânicas atingiram um dos pontos mais baixos nas últimas décadas. 

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