Mango e Salsa começam a vender outras marcas. É uma nova tendência?

“O nosso objectivo não é transformar-nos num marketplace multimarcas de massas, mas ampliar a nossa oferta comercial lado a lado com marcas que se enquadrem no nosso posicionamento”, explica a directora de online e clientes da Mango, Elena Carasso.

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Em 2019, a loja online da Mango representou 24% do total da facturação DR

A Mango venderá as colecções da Intimissimi no seu novo marketplace, ou seja, no seu espaço online. Já a Salsa lançou, em Maio do ano passado, o projecto Brand New Friends e tem agora à venda, no seu site, a marca Black Limba. Terão as grandes marcas por objectivo fazer concorrência ao marketplaces multimarcas? Ou a tendência é apenas resultado da pandemia de covid-19?

As compras online aumentaram exponencialmente durante a pandemia de covid-19 e, como consequência, também se verificou um aumento do número de queixas na categoria de moda e vestuário. Aliás, em Novembro de 2020, o Instituto Nacional de Estatística (INE) avançava que em Portugal aumentara significativamente o número de utilizadores do e-commerce, com o registo mais alto em 18 anos.

O novo marketplace da Mango vai ao encontro do boom das compras online e a marca espanhola explica, em comunicado, que quer “ampliar a oferta comercial em categorias de produtos complementares”. Ou seja, será possível, no futuro, encontrar um pouco de tudo o que a marca não vende. A primeira parceria foi firmada com a Intimissimi, propriedade do grupo Calzedonia.

No site da Mango passa a ser possível comprar não só roupa, calçado e acessórios, como também lingerie. “O nosso objectivo não é transformar-nos num marketplace multimarcas de massas, mas ampliar a nossa oferta comercial lado a lado com marcas que se enquadrem no nosso posicionamento”, explica a directora de online e clientes da Mango, Elena Carasso.

Durante pelo menos três anos, será possível encontrar as peças da Intimissimi no portal online da Mango. Para já o marketplace da marca estará disponível em seis países: Portugal, Espanha, Holanda, Alemanha, Reino Unido e França. O objectivo é posteriormente alargar o serviço a novas marcas, “sendo extremamente cuidadosos com o seu enquadramento com a marca Mango”. No final de 2019, o canal online da marca representava 24% do total de vendas da empresa — 564 milhões de euros de facturação.

Os novos amigos da Salsa

Depois de em Maio de 2020, ter lançado o Brand New Friends, o projecto concretiza-se agora com a venda das peças da marca espanhola Black Limba na loja online da Salsa. A parceria acontece no sentido de completar a linha activewear da marca. No total são 11 peças seleccionadas, que tanto podem ser usadas para exercício ou para “loungewear dos dias confinados”, sugerem em comunicado.

“Quando lançámos o projecto Brand New Friends, o nosso objectivo sempre foi levá-lo mais além e usar todas as plataformas disponíveis para, mais do que dar a conhecer, sermos, também nós, veículos de venda das marcas que confiaram em nós para as representarmos”, afirma a relações públicas da Salsa, Marta Kadosh.  Apesar de para já só a Black Limba estar à venda na plataforma online da Salsa, também Juliana Bezerra, My Canté, Fora, Jak e Cata Vassalo se associaram ao projecto.

Esta terça-feira foi lançada a colecção Cata for Salsa. As duas marcas uniram-se para reaproveitar todos os desperdícios da produção da Salsa — como denim, botões, apliques e etiquetas. São 12 bandoletes e laços que podem ser encontrados no site de Cata Vassalo ou então, para os clientes do programa de fidelização da Salsa, STAR, comprados com as estrelas amealhadas — 5000 no mínimo.

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Recorde-se que, em Maio de 2020, a Salsa foi comprada pela Sonae SR (grupo dono do PÚBLICO), através da Fashion Division. A nível retalhista, a Fashion Division explora as insígnias MO e Salsa, além de actividades no mercado do comércio de vestuário e acessórios para bebés e crianças sob a insígnia “Zippy Kidstore”.

Reinvenção do comércio tradicional

Se a Mango, a Salsa e outras marcas multinacionais já tinham o comércio online consolidado, muitas empresas dedicadas ao comércio tradicional foram obrigadas a reinventar-se. É o caso, por exemplo, da Saga, uma loja multimarca no Porto e representante de várias marcas internacionais, como a Fred Perry.

Com o fecho dos espaços comerciais, a Sagatex lançou a Saga Retail Store, uma plataforma digital que reúne algumas marcas urbanas de moda, como Dr. Martens, Carhartt, Pony, Vespa, Jott e Meller. Até agora, a empresa era responsável por importar e distribuir para outros revendedores estas marcas internacionais.

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