ECDC confirma: Portugal é o pior no mapa europeu da covid-19

Pela segunda semana consecutiva, Portugal é o pior país na avaliação semanal do Centro Europeu de Controlo de Doenças, numa lista de 30 países.

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Porto, 31 de Janeiro de 2021 Paulo Pimenta

Há más e menos más notícias sobre a evolução da pandemia a nível mundial, europeu e nacional. Na avaliação do número de novos casos por cem mil habitantes, Portugal é o pior entre 30 países analisados pelo Centro Europeu de Controlo de Doenças (ECDC, na sigla em inglês) e na avaliação do número de mortos por milhão de habitantes… também é o pior. Pela segunda semana consecutiva, os dados do ECDC mostram Portugal isolado num primeiro lugar que nenhum país quer. Os dados divulgados esta quinta-feira referem-se ao período de 14 dias entre 18 e 31 de Janeiro. No entanto, mais recentemente parecem surgir sinais de um ligeiro abrandamento do número de novos casos.

No mais recente relatório de actualização semanal do ECDC, os dados mostram que não só Portugal se mantém no topo da lista de 30 países como ainda agravou a sua situação em relação à semana anterior. A taxa a 14 dias indica que a taxa de notificação de novos casos por cem mil habitantes chegou à data de 31 de Janeiro aos 1652,47 (no anterior relatório era de 1429,43). No indicador das mortes por milhão de habitantes, o resultado é igualmente desolador com um valor de 362,86 (na semana anterior era de 247,55). A média dos 30 países é muito inferior, ficando-se por 402 no que se refere aos novos casos e pelos 103 no indicador das mortes por milhão de habitantes.

Nos dois indicadores, os países que ocupam o segundo lugar encontram-se bem distanciados de Portugal: a Eslováquia com 204 novos casos por cem mil habitantes e a Espanha na tabela das mortes por milhão de habitantes com um registo de 1036.

Os dados do ECDC não são surpreendentes. No final de Janeiro, Portugal foi já considerado o país do mundo com maior número de novos casos e novas mortes por milhão de habitantes na média dos últimos sete dias, de acordo com sites que recolhem informação estatística sobre a pandemia da covid-19.

 

No início de Fevereiro, no entanto, os especialistas que analisam a evolução da pandemia no país admitiam a hipótese de estarmos a atingir o pico desta terceira vaga, com um ligeiro abrandamento do número de novos casos em algumas regiões do país. Esta terça-feira a Organização Mundial da Saúde também confirmou que se começa a notar um ligeiro decréscimo (menos 13%) da notificação de novas infecções a nível mundial, ainda que no número de mortes a diminuição tenha sido de apenas 1%. Numa análise por regiões, a europeia surge numa posição mais favorável com um decréscimo de 18% na notificação de novas infecções e 8% nas mortes.

Nada que, no entanto, justifique qualquer tipo de alívio das medidas de restrição impostas em muitos países, avisam os especialistas da OMS. Até porque, justificam, parecem existir mais motivos para preocupação. Se por um lado a cobertura das vacinas está a avançar a diferentes ritmos nos vários países, por outro lado, as variantes mais transmissíveis do SARS-CoV-2 também estão a espalhar-se pelo mundo e podem facilmente reverter estes subtis sinais de melhoria. 

“Globalmente, foram comunicados 3,7 milhões de novos casos na semana passada, um declínio de 13% em comparação com a semana anterior, e a terceira semana consecutiva mostrando um declínio nos casos”, refere o documento da OMS, concluindo que o número total de casos ultrapassa agora 102 milhões e o número total de mortes 2,2 milhões de 222 países e territórios. O documento oficial lembra que a OMS declarou a covid-19 uma Emergência de Saúde Pública de Preocupação Internacional a 30 de Janeiro de 2020 quando se registavam 9826 casos em 20 países, e 213 mortes num país (todas elas na China). 

Num comentário a estes dados, o director-geral da OMS Tedros Adhanom Ghebreyesus considerou que a diminuição global do número de novos casos emergentes de COVID-19 sugere que o vírus pode ser controlado independentemente das suas mutações. “Pela terceira semana consecutiva, o número de novos casos de covid-19 comunicados globalmente diminuiu na semana passada. Há ainda muitos países com um número crescente de casos, mas a nível global, isto é uma notícia encorajadora”, referiu numa conferência no início desta semana. Mas, apesar deste sinal positivo, o chefe da OMS fez questão de sublinhar que os governos não devem levantar as medidas restritivas que estão em vigor numa grande parte dos países. “Controlar a propagação do vírus covid-19 salva vidas agora, e salva vidas mais tarde, reduzindo as hipóteses de surgirem mais variantes. E ajuda a garantir que as vacinas se mantenham eficazes”, afirmou Tedros Ghebreyesus, citado pela agência de notícias ANI.

Entretanto, segundos dados divulgados esta quarta-feira, o número de pessoas vacinadas em todo o mundo contra o novo coronavírus já ultrapassará o total de infectados desde o surgimento do SARS-CoV2.  Um total de 104,9 milhões de doses foi administrado, de acordo com a base de dados sediada na Universidade de Oxford, a Our World in Data, e ainda os dados mais recentes do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos da América. O total de pessoas vacinadas ultrapassa agora os 104,1 milhões de casos confirmados, segundo a Reuters. É um marco no caminho para acabar com a pandemia.

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