Suspensão de voos adia recuperação da TAP

Depois do Reino Unido e do Brasil, Governo anunciou esta tarde que os portugueses ficam “impedidos de qualquer saída para o estrangeiro”.

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Ligações ao Brasil são um dos pontos fortes da TAP LUSA/MÁRIO CRUZ

Depois da interrupção das ligações aéreas com o Reino Unido, foi anunciada, ontem, pelo Governo português a suspensão dos voos de e para o Brasil, um dos principais destinos da TAP, por causa da pandemia de covid-19 e das novas estirpes do coronavírus. Com entrada em vigor à meia-noite desta sexta-feira, a medida estará vigente pelo menos até às 23h59 de 14 de Fevereiro, tal como no caso do Reino Unido.

Esse é também o timing anunciado pelo Governo esta quinta-feira à tarde, na sequência do Conselho de Ministros e da renovação do estado de emergência, para a “limitação às deslocações para fora do território continental, por parte de cidadãos portugueses, efectuadas por qualquer via”, nomeadamente a aérea. Assim, entre a meia-noite de 31 de Janeiro e 14 de Fevereiro não será possível, de acordo com o Governo, os portugueses viajarem para o estrangeiro excepto no caso de viagens essenciais.

Foi ainda aprovada pelo executivo a “possibilidade de suspensão de voos e de determinação de confinamento obrigatório de passageiros à chegada, quando a situação epidemiológica assim o justificar”.

Questionada pelo PÚBLICO sobre os impactos da decisão que envolvia o Brasil, fonte oficial da TAP afirmou que “as rotas do Brasil e as suas conexões representam um importante volume das receitas” da empresa e que a suspensão agora anunciada “vai ter um forte impacto na companhia, adiando a recuperação”.

Não foi possível depois obter um comentário aos impactos da interdição de viagens para o estrangeiro por parte dos portugueses, mas será certamente mais um factor penalizador para as contas da companhia que está em processo de reestruturação, com apoios do Estado.

Só no caso do Brasil, este é uma das suas principais fontes de receitas (19% do total arrecadado em 2019), sendo a companhia aérea europeia com mais ligações a este país.

Actualmente, a empresa está a operar 26 voos de ida-e-volta por semana entre Lisboa e Porto e o Brasil, envolvendo oito destinos diferentes. Só para esta noite estavam já programados seis voos para seis diferentes destinos do Brasil - Salvador, Brasília, Fortaleza, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e São Paulo -, tendo a ligação para Salvador sido entretanto cancelada, segundo os dados ANA – Aeroporto de Portugal.

De acordo com fonte oficial da TAP, em Fevereiro do ano passado, mês anterior à declaração de pandemia, a transportadora aérea realizava 71 voos de ida-e-volta por semana para o Brasil. Assim, diz a mesma fonte, “os 26 que opera neste momento representam uma quebra de 63%” em termos homólogos. Neste momento, e no total da sua rede, a TAP espera, em Fevereiro deste ano, “operar 19% do que operava no mesmo mês do ano passado”.

Variantes do vírus a crescer

Antes do anúncio do executivo português, o governo alemão já tinha anunciado esta quarta-feira que deverá incluir Portugal num grupo restrito de quatro países cujas ligações aéreas serão suspensas. De acordo com a Lusa, o ministro do Interior, Horst Seehofer, afirmou que a medida abrange, além de Portugal, os voos de e para o Reino Unido, África do Sul e Brasil, por estarem afectados pelas mutações do novo coronavírus.

Segundo o despacho publicado ontem em Diário da República e que define a suspensão dos voos com o Brasil e Reino Unido, o Governo diz que, “de acordo com dados analisados até 20 de Janeiro, observa-se um crescimento da frequência relativa da variante do Reino Unido a uma taxa de 7% por semana”.

Assim, as estimativas apontam “para que, no espaço de três semanas, esta variante possa representar cerca de 60 % de todos os casos activos de Covid-19 em Portugal”. “Importa também prevenir a importação e circulação na comunidade de casos de infecção com a variante do Brasil, dadas as relações próximas entre Portugal e este país”, refere o despacho.

A TAP transportou 5,5 milhões de passageiros no ano passado, o que representou menos 67,4% face a 2019. É preciso recuar 18 anos na história da companhia aérea para voltar a este número.

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