Autoridades eleitorais do Uganda confirmam reeleição do Presidente Museveni

Líder da oposição denuncia fraude e pede à população para rejeitar os resultados. EUA criticam repressão do Governo ugandês.

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Apoitantes de Museveni celebram vitória eleitoral, em Kampala BAZ RATNER/Reuters

A Comissão Eleitoral do Uganda confirmou este sábado as previsões avançadas na véspera e anunciou a reeleição do Presidente Yoweri Museveni para um sexto mandato. O seu principal adversário, o deputado e rapper Robert Kyagulanyi Ssentamu, mais conhecido por Bobi Wine, insiste, no entanto, que houve fraude eleitoral e pede à população ugandesa para não aceitar os resultados.

Segundo as autoridades eleitorais, Museveni, de 76 anos (e no poder desde 1986) obteve 58,6% do total de votos na eleição presidencial de quinta-feira, ao passo que Wine, de 38 anos, se ficou pelos 34,8%. 

“Foi a eleição mais fraudulenta da História do Uganda”, acusou Wine, em declarações à Reuters. “Gostaria de partilhar os vídeos de toda a fraude e das irregularidades assim que a Internet seja restabelecida”, disse ainda, citado pela BBC.

O Governo mantém o acesso à Internet e às redes sociais bloqueado desde terça-feira, alegando motivos de segurança. Uma decisão que Wine diz ser essencialmente política, uma vez que os seus apoiantes são sobretudo jovens e que a sua campanha investiu bastante na comunicação digital.

A campanha eleitoral foi bastante violenta e ficou marcada por mais de 50 mortes e por inúmeras detenções de activistas e opositores do Presidente Museveni, que o acusam de repressão e perseguição política, incluindo de Wine, que foi preso em três ocasiões.

Bobi Wine denunciou também a presença de centenas de soldados nas imediações da sua casa, em Kampala, dizendo que foram mobilizados para o intimidar. 

Um porta-voz do Exército explicou, no entanto, à Reuters que apenas se pretende garantir a segurança do candidato, caso decida sair à rua.

Numa mensagem publicada este sábado no Twitter, o responsável pelo gabinete de Assuntos Africanos do Departamento de Estado norte-americano, Tibor Nagy, falou em eleições “essencialmente defeituosas” e lançou várias críticas ao Governo ugandês.

“Estamos profundamente preocupados com os relatos persistentes de fraude nas eleições de 14 Janeiro no Uganda, com a recusa das autoridades ugandesas de acreditação de observadores internacionais, com a violência e o assédio contra figuras da oposição e com a detenção de elementos das organizações da sociedade civil”, escreveu Nagy. “O processo eleitoral do Uganda foi essencialmente defeituoso”.

Na quinta-feira também houve eleições legislativas, mas os resultados ainda não foram oficializados. Por enquanto, sabe-se que a Plataforma da Unidade Nacional, de Wine, está na calha para substituir o Fórum para a Mudança Democrática como partido mais representado no Parlamento ugandês.

O Movimento da Resistência Nacional, de Yoweri Museveni, deve conquistar uma maioria confortável na assembleia do Uganda.

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