Nova aventura de Astérix vai sair a 21 de Outubro

Não há ainda título, mas sabe-se que será uma história de viagem a um país imaginário. Sem referências explícitas à covid-19, mas com uma protagonista feminina como novidade.

Foto
DR

À imagem do que aconteceu em 2019, com A Filha de Vercingétorix, Outubro foi já escolhido, e anunciado, como o mês de lançamento da nova aventura de Astérix e seus irredutíveis gauleses. O 39.º álbum da série criada em 1959 por Albert Uderzo e René Goscinny vai sair em França, Portugal e em muitos outros países do mundo no próximo dia 21 desse mês. A data foi anunciada este sábado por Jean-Yves Ferri, o argumentista da série, ao semanário francês Journal du Dimanche (do grupo Lagardère, que detém também as Edições Albert René, que publicam as aventuras de Astérix).

Vai ser “um álbum de viagens, já que a última aventura aconteceu numa aldeia”, revelou Ferri, que desde 2013, com Astérix entre os Pictos, divide com o desenhador Didier Conrad o prolongamento das aventuras destas personagens icónicas da BD mundial.

Vai ser “uma viagem para longe, como remédio para o desastre”, antecipa o Journal du Dimanche. “Astérix e Obélix vão partir para um destino inédito”, para “um país que não existe realmente”, disse Ferri ao semanário francês, lembrando que, desde 2013, a acção de Astérix alterna entre a sua aldeia e a viagem a outros lugares e países do mundo. “Cada novo álbum é um pequeno passo para trazer algo de novo. E o Obélix continua a sua lenta evolução psicológica”, acrescentou o argumentista.

Sem revelar nada de substantivo quanto à história da nova aventura – também anunciada em Portugal pelo Diário de Notícias –, Ferri dá a entender que ela irá contar com uma protagonista feminina, apostada em complicar as vidas de Astérix e de Obélix. Mas o argumentista explicou também que o novo álbum não irá iludir o ar dos tempos. “Nos anos 1960, Albert Uderzo e René Goscinny podiam rir dos estrangeiros, caricaturar os ingleses com os seus dentes grandes, os gregos pelo seu perfil grego… Vivia-se um ambiente bem-humorado. Hoje, quase precisamos de ter um dicionário na secretária para saber aquilo sobre que temos o direito de brincar ou não”, diz o argumentista ao Journal du Dimanche. E acrescenta: “Brincar com os clichés faz parte dos códigos de Astérix. Mas não me importo de me afastar um pouco deles. Tenho a sorte de o meu sentido de humor não me levar a fazer caricaturas muito frontais”, diz. E exemplifica com A Filha de Vercingétorix, onde se preocupou com “atenuar a forma de fazer os adolescentes falarem, por exemplo”.

Ao contrário do que se poderia imaginar, a nova aventura de Astérix não vai pôr em cena a pandemia da covid-19 que o mundo está a sofrer. “Era tentador falar do coronavírus, que atinge o mundo inteiro, mas optei por deixar isso de lado”, explica o autor. “A epidemia é um tema triste, uma fonte de ansiedade. É melhor rirmo-nos de outra coisa e desejar que, quando o álbum for lançado, nós tenhamos finalmente virado a página”, desejou Ferri, prometendo, no entanto, que “o leitor irá poder encontrar uma alusão a uma poção que se parece com uma vacina, e com algumas piscadelas de olho ao tema”.

A uma pergunta sobre se os autores actuais de Astérix tinham falado sobre o novo álbum com Albert Uderzo, antes do seu falecimento em Março do ano passado, Ferri confirmou terem falado sobre o tema. “Ele aprovou a história, e encorajou-nos a avançar”, disse, lembrando, no entanto, que o histórico desenhador, e “ao contrário do que se possa pensar, não tinha a preocupação de controlar” o trabalho dos autores actuais.

De qualquer modo, a boa recepção ao 39.º álbum de Astérix parece estar garantida. As Edições Albert René vão lançar o novo livro de 48 páginas com as melhores expectativas, tendo até em atenção que a edição anterior se tornou, de longe, na mais vendida em França em 2019, com mais de cinco milhões de exemplares.

Sugerir correcção
Comentar