Novo acto do drama político em Israel: eleições em Março?

Prazo para entendimento que evite eleições antecipadas termina esta terça-feira à noite, e tudo se complica quando uma série de deputados estão infectados com o vírus que provoca a covid-19.

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Benjamin Netanyahu: Israel poderá marcar as quartas eleições em dois anos AMIR COHEN/Reuters

O Governo israelita, liderado por Benjamin Netanyahu, que responde actualmente em tribunal por corrupção, e pelo rival Benny Gantz, que o deveria substituir segundo um acordo de rotatividade, está há semanas por um fio, e esta terça-feira há mais um momento decisivo.

Depois de ter passado o último prazo para evitar uma crise, esta voltou a estar em cima da mesa: se não for aprovado o Orçamento do Estado para 2020 até 31 de Dezembro, nem o do próximo ano até 5 de Janeiro, haverá dissolução do Parlamento e novas eleições a 23 de Março de 2021.

Uma comissão parlamentar aprovou uma lei que adia o prazo para aprovar o orçamento, mas para entrar em vigor a tempo teria de passar no plenário antes do fim da noite de hoje, o que parece improvável, até porque há vários deputados, alguns do Partido Azul e Branco de Gantz, isolados por infecção com o vírus que provoca a covid-19 ou por contacto com alguém infectado.

O Governo de coligação entre Benjamin Netanyahu e Benny Gantz nasceu de uma enorme pressão, após três eleições em que nenhum bloco conseguiu maioria. Temendo os golpes políticos pelos quais Netanyahu é conhecido, Gantz tentou que o acordo de coligação fosse o mais seguro possível para que Netanyahu lhe tivesse mesmo de passar a chefia do Governo a meio do mandato.

Mas se o Parlamento se dissolver, Netanyahu manter-se-á primeiro-ministro não só até às eleições, mas até à formação do governo saído dessas eleições e há quem veja aqui uma tentativa de o primeiro-ministro escapar ao acordo.

Embora esteja longe de ser claro o que possa acontecer em novas eleições, excepto a descida de Gantz, que fez do entrar numa coligação com um político acusado de corrupção a sua linha vermelha e, muito pressionado, a ultrapassou. Deverá cair muito e arrisca-se a que o seu partido, relativamente novo, acabe condenado à irrelevância. Mais, durante o dia de segunda-feira parecia claro que estava a perder o controlo do partido, diz o diário israelita Haaretz.

As perspectivas de Netanyahu também estão longe de serem certas: a economia foi duramente afectada pela pandemia, mas por outro lado, a campanha de vacinação arrancou e há já mais de 170 mil marcações para a vacinação (uma boa notícia quando se temia que pudesse haver resistência ou menos interesse numa vacina no país). 

Um dos medos era que pudesse haver resistência da comunidade ultra-ortodoxa, mas um importante antigo rabino-chefe Yisrael Meir Lau foi o primeiro da comunidade a ir receber a vacina e disse que esta “é uma obrigação para todos”.

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