Encontros de Natal e viagens podem levar a que nova variante se torne dominante na Europa

O alerta é do Centro Europeu para Controlo e Prevenção de Doenças, que pede aos países “esforços atempados” para controlar a nova variante britânica do novo coronavírus.

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FRIEDEMANN VOGEL/EPA

O Centro Europeu para Controlo e Prevenção de Doenças (ECDC) pediu este domingo aos países da União Europeia (UE) que façam “esforços atempados” para controlar a nova variante do SARS-CoV-2 que apareceu no Reino Unido, nomeadamente durante o Natal.

“Dado que não existem actualmente provas que indiquem até que ponto a nova variante do vírus se está a propagar fora do Reino Unido, são necessários esforços atempados para prevenir e controlar a sua propagação”, exorta o ECDC, num relatório publicado este domingo sobre o aumento rápido de casos no Reino Unido desta nova variante da covid-19.

O ECDC avisa: “Se o aumento das reuniões familiares e sociais que são tradicionais nesta altura do ano não for reduzido, […] e especialmente se as viagens não essenciais não forem reduzidas ou evitadas completamente, poderá eventualmente levar a que a variante substitua as variantes actualmente em circulação em grande parte da UE e Espaço Económico Europeu”. Vários países já suspenderam ligações ao Reino Unido.

O centro europeu contextualiza que, “embora se saiba e se espere que os vírus mudam constantemente através da mutação levando ao aparecimento de novas variantes, a análise preliminar no Reino Unido sugere que esta variante é significativamente mais transmissível do que as anteriormente em circulação, com um (…) aumento estimado de transmissibilidade de até 70%”.

O ECDC aponta, então, a necessidade de os países emitirem “orientações para se evitarem viagens e actividades sociais não essenciais”.

Ao mesmo tempo, esta agência europeia defende que “as pessoas com uma ligação epidemiológica a casos com a nova variante ou histórico de viagens a áreas conhecidas como afectadas devem ser identificadas imediatamente para testar, isolar e acompanhar os seus contactos, a fim de impedir a propagação da nova variante”.

O ECDC pede, ainda, que casos suspeitos sejam analisados e monitorizados em laboratório e que, assim que as autoridades públicas detectem esta ou outra variante, informem de imediato os outros países europeus através do Sistema de Alerta Rápido e Resposta da União Europeia.

Além disso, numa altura em que o Reino Unido já iniciou os processos de vacinação e a UE se prepara para arrancar esse processo, “é necessário assegurar um acompanhamento rigoroso dos indivíduos vacinados contra a covid-19 para identificar possíveis falhas de vacinação e infecções de ruptura”, sustenta o centro europeu, embora afastando qualquer relação.

Casos na Dinamarca, Holanda e Bélgica

Como esta é ainda uma mutação pouco conhecida dos especialistas, o ECDC admita não haver “indicação, neste momento, de aumento da gravidade da infecção associada à nova variante”, ainda que confirme casos na Dinamarca e Holanda. Fala, ainda, em casos da nova estirpe na Bélgica, recorrendo às notícias avançadas pela imprensa local.

“As investigações sobre as propriedades desta nova variante estão em curso, e até à data não foi comunicada […] uma mortalidade mais elevada ou grupos particularmente afectados”, refere o ECDC no seu relatório.

Já sobre potenciais explicações para esta nova variante, bastante mais contagiosa, o ECDC aponta que pode estar relacionado com eventuais casos de infecção prolongada ou com eventual transmissão de animais para seres humanos, embora indique que tal hipótese foi afastada pelas autoridades de saúde britânicas.

Afastada é a possibilidade de a nova estirpe estar relacionada com o processo de vacinação em curso no Reino Unido, segundo o centro europeu: “É improvável que a variante tenha surgido através […] dos programas de vacinação em curso, uma vez que o aumento observado não corresponde ao calendário de tais actividades”.

O Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) ainda não identificou em Portugal, até ao momento, qualquer caso da nova variante genética do coronavírus.

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