Nada mudou e mudou tudo

A “fractura” Norte-Sul não desapareceu. Mas tem uma oportunidade de atenuar-se, criada pela própria crise pandémica.

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1. Não é uma simples figura de estilo dizer-se que Portugal conseguiu fazer sempre boas presidências da União Europeia. Já leva três no currículo. Vai agora iniciar a quarta. Há razões que explicam os êxitos anteriores. A diplomacia portuguesa pode não ser grande em número, mas é experiente e, de um modo geral, tem elevada qualidade. Ao longo das décadas da nossa integração, nunca houve estados de alma dignos de nota sobre a opção europeia e transatlântica da nossa inserção internacional, perdido o império e ganha a democracia. Somos um país aberto ao mundo, habituado a olhar para fora e a relacionar-se com os outros. Não temos problemas específicos de relacionamento com os nossos parceiros europeus, herdados da história ou da geografia. As relações ibéricas foram resolvidas precisamente graças à simultaneidade da transição democrática e da integração europeia nos dois países. Finalmente, perdurou sempre um sólido consenso interno sobre a Europa, assente nos dois grandes partidos de governo. Além disso, citando Eduardo Lourenço, a generalidade dos portugueses continua a sentir-se bem na sua nova qualidade de “verdadeiros europeus, dessa Europa sonhada que estava além dos Pirenéus”.

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