Pedro Nuno Santos reafirma prioridade à Galiza em detrimento de Madrid

Em entrevista à La Voz de Galicia , o ministro das Infra-estruturas diz que a linha de alta velocidade Porto-Vigo é “uma prioridade absoluta” e que deverá estar concluída em 2030, uma data que considera “realista e possível”.

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Pedro Nuno Santos Paulo Pimenta

Uma linha de alta velocidade Lisboa – Porto, que una as grandes cidades portuguesas, tem como “continuação lógica” o seu prolongamento a Vigo. A tese é do ministro Pedro Nuno Santos, que diz estar acompanhado do primeiro-ministro ao dar prioridade à Galiza em detrimento de Madrid no desenho da rede de alta velocidade.

Na entrevista à La Voz de Galicia, o ministro diz que “qualquer português do Norte e qualquer galego” compreende as afinidades existentes entre Portugal e a Galiza e que por isso é normal que a linha Lisboa-Porto seja complementada com a ligação a Vigo. Numa primeira fase será feito o troço Braga-Vigo, estimado em 900 milhões de euros, que poderá entrar logo em funcionamento visto que a actual linha ferroviária Porto-Braga está modernizada. Numa segunda fase, com uma nova infra-estrutura do Aeroporto Sá Carneiro a Braga – cujo custo não foi definido a –, a viagem entre o Porto e Vigo será feita em 55 minutos e Vigo-Lisboa “em pouco mais de duas horas” sem qualquer transbordo. Em 2030.

Mas para que isto seja possível, Pedro Nuno Santos avisa os espanhóis que é necessário investir 200 milhões na “saída sul de Vigo” (uma solução de elevada complexidade técnica) para que a linha férrea aponte directamente à fronteira portuguesa.

O governante conta na entrevista que adora a Galiza e que costumava passar férias com a família, natural de São. João da Madeira, em Sanxenxo. Mas ressalva que o primeiro-ministro, António Costa, é de Lisboa e que também está de acordo com a linha Porto-Vigo.

Já na ligação a Madrid, o Governo português agarra-se agora aquela que era inicialmente uma discreta linha de mercadorias entre Évora e Elvas (integrada no eixo Sines-Badajoz) para a apresentar como a futura ligação de alta velocidade entre as duas capitais ibéricas. “Está em construção um troço de via dupla, mista, de alta velocidade de mercadorias e passageiros, entre Lisboa e Évora para chegar depois até à fronteira com Badajoz e desde aí até Madrid”, diz Pedro Nuno Santos, ressalvando que “não vamos avançar já com uma alta velocidade de passageiros Madrid-Lisboa para nos podermos centrar, nos próximos anos, em tornar realidade a alta velocidade no Norte”.

O governante reconhece alguma desconfiança da população face aos anúncios recentes de linhas de alta velocidade “porque os sucessivos governos portugueses estão há 20 anos a falar deste tema e ficou tudo no ar”, mas diz que agora é diferente porque “há um consenso de grande parte da sociedade portuguesa e dos principais partidos”, incluindo o do governo, PS e o da oposição, PSD. “Temos o compromisso da actual direcção do PSD, ao contrário do que aconteceu no passado, de que se [eles] vierem a governar, continuarão em frente com estes dois projectos de alta velocidade Lisboa-Porto-Vigo.”

Sobre as ligações aéreas o ministro que também tem a tutela da TAP diz que esteve prestes a iniciar-se em Junho um voo directo Lisboa-Santiago de Compostela, que foi cancelado por causa da pandemia. “Estamos agora a elaborar um plano de reestruturação e depois decidiremos sobre os voos”, acrescentou.

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