Mario Draghi avisa que só a “boa dívida” salvará as economias

O antigo líder do BCE elogiou o acordo histórico da UE e pediu que se investisse nos jovens, pois são eles que vão suportar os custos do combate à covid-19.

Foto
LUSA/PASQUALE BOVE

O antigo presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, aconselhou os governos a utilizarem o grande estímulo económico que desenharam durante pandemia de covid-19 para melhorar as suas economias. Caso contrário, poderão enfrentar o risco de outra crise de dívida, informa a Bloomberg.

Mario Draghi falou em Rimini, Itália, esta terça-feira, onde apelou aos governos que criassem políticas económicas “credíveis” para evitar que os jovens se sintam desiludidos, pois são eles que pagarão os custos do combate ao novo coronavírus. “Temos o dever de equipá-los com meios para pagarem a dívida”, afirmou, referindo-se, em parte, ao investimento na sua educação.

Draghi criticou também o “egoísmo colectivo” dos governos que durante vários anos tiveram políticas económicas focadas no retorno político imediato, algo que já não considera “aceitável”.

O ex-presidente do BCE elogiou ainda o acordo da União Europeia de emitir dívida conjunta para financiar a recuperação.

Segundo o também economista italiano, na sequência da actual crise só se financiará a “boa dívida” e deu como exemplo os investimentos em capital humano, infra-estruturas necessárias ou até investigação.

No entanto, “se a dívida for utilizada para fins pouco produtivos, será vista como ‘má’ dívida e a sua sustentabilidade será corroída”, disse Draghi. “As baixas taxas de juro não são em si mesmas uma garantia de sustentabilidade.”

Os comentários do antigo chefe do BCE surgem numa altura em que governos de vários países discutem se devem, ou não, alargar os apoios económicos face à crise, perante as preocupações em torno da previsível escalada da dívida, indica a Bloomberg.

Sugerir correcção