Covid-19: encerrados oito estabelecimentos no Bairro da Jamaica no Seixal

Oito cafés e bares foram “fechados a cadeado” no Bairro da Jamaica para conter a propagação do novo coronavírus, detectado entre os moradores.

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Bairro da Jamaica, no Seixal RUI MINDERICO/LUSA

As autoridades de saúde encerraram neste sábado oito estabelecimentos comerciais, entre cafés e bares, em Vale de Chícharos, conhecido como Bairro da Jamaica, no Seixal, devido à pandemia da covid-19, numa acção que contou com um forte dispositivo policial.

No fim da operação, a comissária Maria do Céu Viola, do Comando de Setúbal da PSP, explicou aos jornalistas que, entre cafés e bares, “oito locais identificados pelas autoridades de saúde foram selados, fechados a cadeado e os proprietários notificados do encerramento”.

Contactado pela agência Lusa, o delegado regional de saúde de Lisboa e Vale do Tejo disse que estes oito locais “de ajuntamento de pessoas” ficam encerrados durante “os próximos 14 dias”, após os quais será feita uma reavaliação pelas autoridades de saúde.

Mário Durval avisou que, caso algum dos espaços abra nas próximas duas semanas, o proprietário incorre num crime de desobediência.

A comissária da PSP disse ainda aos jornalistas que a operação policial decorreu “sem incidentes”, enaltecendo a colaboração e a compreensão dos moradores deste bairro clandestino.

“Isto é uma questão de saúde pública, as pessoas acataram e colaboraram com a autoridade de saúde e com a câmara”, afirmou a comissária, sublinhando que a PSP teve como missão a notificação dos proprietários e a segurança da operação.

Bairro deveria ser “isolado”

Na quinta-feira, o delegado regional de saúde de Lisboa e Vale do Tejo, Mário Durval, revelou que as autoridades de saúde estavam a preparar o encerramento dos cafés no Bairro da Jamaica, para conter o surto de covid-19 detectado entre os moradores.

Na quarta-feira, a associação de moradores defendeu que o bairro deveria ser “isolado” e limitado aos moradores, responsabilizando as “pessoas que vêm de outros concelhos” pelo foco de infecção.

“Deviam mesmo isolar o bairro e só saía ou entrava quem aqui mora”, disse na ocasião à Lusa o presidente da Associação de Desenvolvimento Social de Vale de Chícharos, Salimo Mendes, que se mostrou preocupado com a aglomeração de pessoas nos cafés.

“Os cafés ao fim-de-semana não deixam dormir as pessoas que trabalham, com música e ajuntamento de pessoas que não usam máscara”, relatou.

Na terça-feira, a directora-geral da Saúde, Graça Freitas, informou que foram identificados três focos comunitários na área abrangida pelo Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) Almada-Seixal, com um total de 32 pessoas infectadas, 16 dos quais no Jamaica.

Actualmente ainda residem 74 famílias em condições precárias nos edifícios inacabados de Vale de Chícharos (lotes 13, 14 e 15), as quais aguardam pela segunda fase de realojamentos, que deveria ter acontecido até Dezembro do ano passado.

A 17 de Fevereiro, a Câmara do Seixal informou que o processo se encontrava atrasado devido à especulação imobiliária, apelando ao Governo para reduzir o “grande diferencial” de comparticipação nos realojamentos.

A primeira fase terminou a 20 de Dezembro de 2018, quando 187 pessoas foram distribuídas por 64 habitações em várias zonas do concelho.

Portugal contabiliza pelo menos 1396 mortos associados à covid-19 em 32.203 casos confirmados de infecção, segundo o último boletim diário da Direcção-Geral da Saúde (DGS).

Portugal entrou no dia 3 de Maio em situação de calamidade devido à pandemia, que sexta-feira foi prolongado até 14 de Junho, depois de três períodos consecutivos em estado de emergência desde 19 de Março.

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