Covid-19: EasyJet vai despedir 30% dos trabalhadores

A decisão poderá colocar em risco cerca de 4500 postos de trabalho. A empresa anunciou ainda que ia cortar “nos custos e em todas as despesas não essenciais a todos os níveis”.

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Reuters/CHARLES PLATIAU

A companhia aérea de baixo custo EasyJet vai despedir até 30% dos trabalhadores – o equivalente a 4500 empregos – e diminuir a frota para poder adaptar-se à redução da procura causada pela pandemia de covid-19, anunciou a empresa esta quinta-feira. De acordo com as suas estimativas, o sector não vai recuperar totalmente até 2023.

A Easyjet, com sede no Reino Unido, emprega mais de 15.000 pessoas em oito países europeus (cerca de 300 pessoas em Portugal) o que quer dizer que pelo menos 4500 empregos estão em risco. Em comunicado, a empresa anunciou que vai iniciar um processo de consulta de trabalhadores sobre propostas para reduzir o número de efectivos.

“Sabemos que esta época é muito difícil e estamos a considerar todas as decisões que irão ter impacto nos nossos trabalhadores, mas queremos proteger tantos empregos quanto possível a longo prazo”, disse Johan Lundgren, director executivo da EasyJet citado pela BBC. “Como resultado, antecipamos uma redução de trabalhadores até 30% em todo o negócio e iremos continuar a cortar nos custos e em todas as despesas não essenciais a todos os níveis. Vamos lançar um processo de consulta de trabalhadores nos próximos dias.”

De acordo com o jornal Evening Standard, a empresa anunciou que ia cortar o orçamento da equipa de marketing assim como nos custos de handling e manutenção. A EasyJet anunciou ainda uma redução de 15% na frota, ficando com 302 aviões até ao final de 2021.

Depois de semanas com a frota completamente parada, a companhia anunciou na semana passada que ia retomar os voos internos no Reino Unido e França a 15 de Junho e as restantes rotas serão recuperadas nas semanas seguintes. Em Portugal, por exemplo, a empresa afirma que os voos entre Lisboa e o Funchal poderão ser retomados a partir de 1 de Julho, estando apenas dependentes da procura por parte dos passageiros. 

Apesar de as marcações para os primeiros voos no Reino Unido e França estarem a ser encorajadoras, a empresa estima que o sector não recupere totalmente até 2023. “Acreditamos que os níveis da procura de mercado vistos em 2019 não voltarão a ser os mesmos até 2023.”

O sindicato dos pilotos britânicos, Balpa, já reagiu àquilo que considera ser “um pontapé nos dentes”. “Os trabalhadores da EasyJet estão chocados com esta novidade porque há dois dias receberam uma mensagem de ‘boas notícias’ dos seus patrões, sem qualquer menção a cortes nos postos de trabalho, por isso, isto é um verdadeiro pontapé nos dentes”, disse Brian Strutton, à BBC.

“Estes trabalhadores receberam cortes nos salários para manter a empresa a salvo e este é o tratamento que recebem. A EasyJet não discutiu com a Balpa, por isso vamos esperar para ver que impacto terá [este plano] no Reino Unido.”

Com os trabalhadores em casa e os aviões em terra, a empresa recebeu um empréstimo de 600 milhões de libras do fundo de emergência criado devido ao coronavírus pelo Tesouro britânico e Banco de Inglaterra, no início de Abril. O fundador a accionista maioritário, o cipriota Stelios Haji-Ioannou, alegou que, apesar de tudo, a empresa corria sérios riscos de ficar sem dinheiro até ao final do ano.

A decisão de despedir parte dos trabalhadores foi mais tardia do que para outras empresas do mesmo sector. Por exemplo, a Ryanair, British Airways e a Virgin Atlantic anunciaram ao longo do último mês mais de 18.000 despedimentos no total.

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