Charlize Theron une celebridades contra a violência doméstica

A iniciativa, lançada em Abril, reúne mais de 50 mulheres contra o aumento da violência doméstica durante o confinamento obrigatório para controlar o surto pelo novo coronavírus.

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“Uma em cada três mulheres irá ser vítima de violência de género ao longo da sua vida", alertou a actriz sul-africana LUSA/CHRISTIAN MONTERROSA

A actriz sul-africana Charlize Theron revelou, na quinta-feira, que mais de 50 mulheres célebres já tinham aderido à sua campanha para combater a violência contra as mulheres, que tem aumentado por causa do isolamento social imposto por vários governos de forma a controlar a pandemia de covid-19.

O objectivo da iniciativa #TogetherForHer, lançada em Abril pelo projecto Charlize Theron Africa Outreach Project com a CARE e a Fundação da Indústria do Entretenimento, passa por angariar fundos para abrigos para as vítimas de violência doméstica nos EUA  e na África do Sul.

“Uma em cada três mulheres irá ser vítima de violência de género ao longo da sua vida; no ano passado, 243 milhões de mulheres e raparigas sofreram [de violência]”, relembra a actriz de Bombshell ​nas suas contas nas redes sociais, alertando para o facto de “crises humanitárias como a covid-19 só piorarem esta situação”. Foi por isso que Theron exortou “todas as mulheres” a darem prioridade a esta questão. E a resposta não se fez esperar. São mais de meia centena as mulheres “excepcionais e poderosas” que se uniram à sua causa, das quais Charlize Theron se diz “orgulhosa”.

Entre as celebridades reunidas há mulheres do mundo do cinema, do desporto, da moda e dos negócios, que se comprometeram com doações financeiras para a campanha a fim de ajudar as mulheres que enfrentam a violência enquanto são forçadas a viver dentro de casa.

“Sou uma criança sobrevivente da violência doméstica. É o último abuso que se pode aceitar”, declarou a actriz Viola Davis, que se juntou a outras colegas de profissão como Reese Witherspoon, Michelle WilliamsSalma Hayek e Laura Linney. Outras mulheres que se juntaram à campanha incluem a jogadora de futebol Megan Rapinoe, ​a directora de Operações do Facebook Sheryl Sandberg ou a estilista britânica Stella McCartney.

Violência na pandemia

A preocupação com o abuso de mulheres em quarentena aumentou em todo o mundo, assim como as chamadas para as linhas telefónicas de apoio — na Europa, aponta-se para um crescimento destes pedidos de ajuda desde o início da pandemia na ordem dos 60%. Porém, o país de Charlize Theron vive uma situação ainda mais assustadora: só na primeira semana do estado de emergência no país, imposto a 26 de Março, o ministro da Polícia da África do Sul, Bheki Cele, citado pelo Centro de Direitos Humanos de Oxford, informou que as autoridades tinham registado mais de 87 mil queixas de agressões de género. Alguns analistas apontam as medidas restritivas do presidente Cyril Ramaphosa​, como a proibição da venda de tabaco e de álcool, como uma das razões que estão na origem de uma maior agressividade.

No mês passado, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, apelou aos governos de todo o mundo para que enfrentem urgentemente um “horrível surto global” de violência doméstica, alimentado pelo confinamento trazido pelo novo coronavírus.

Charlize Theron destaca-se há muitos anos não só no grande ecrã como pelo seu activismo contra a violência doméstica, tendo sido a própria vítima de um quadro familiar em que as agressões imperavam e que apenas terminariam com a sua mãe a matar o pai, numa acção que foi julgada como legítima defesa. Desde 2008, Theron serve como embaixadora da Boa Vontade da ONU.​

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