Sánchez adia diálogo sobre a Catalunha até haver novo governo regional

Chefe do Governo de Madrid mantém reunião com Torra para dia 6, mas para falar de coisas práticas, como os estragos da tempestade Gloria. ERC considera a decisão “irresponsável”.

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Quim Torra NACHO DOCE/Reuters

O Governo de Madrid decidiu adiar o diálogo com as autoridades catalãs até haver um novo governo autonómico em Barcelona - na quarta-feira, o presidente da Generalitat, Quim Torra, anunciou que vai marcar eleições porque não há unidade na coligação entre o seu Juntos pela Catalunha e a Esquerda Republicana da Catalunha (ERC).

“O Governo espera poder dar início ao diálogo depois de o povo catalão se ter pronunciado e depois de ser constituído um novo parlamento, assim como um novo govern” diz um comunicado da Moncloa, a sede do executivo de coligação entre o PSOE e o Unidas Podemos. Prossegue o texto: “Quanto mais cedo houver eleições e govern, mais cedo começará o diálogo” para resolver “o conflito político”. 

Torra não marcou uma data para as eleições, disse sim que só se realizam depois de aprovado o orçamento catalão.

Pedro Sánchez tinha anunciado que se reunia no dia 6 de Fevereiro com Torra. Porém, foi agora esclarecido que esse encontro se mantém mas para “resolver problemas” entre os dois níveis de governo, central e autonómico, que são “urgentes para a sociedade catalã” - e é dado um exemplo concreto, os prejuízos causados pela tempestade Gloria

“O Governo expressa a sua vontade de manter a colaboração entre distintos ministérios e mantém, como não podia deixar de manter, o encontro com o president Torra”, diz o comunicado citado pelo El País.

Torra foi condenado a um ano e meio de inelegibilidade por desobediência, por se ter recusado a retirar os símbolos independentistas dos edifícios públicos como foi ordenado pela Justiça antes das eleições de Novembro de 2019. Ainda não recorreu da sentença que o fez perder a condição de deputado - a última fractura com a ERC, que tem a presidência do parlamento autonómico e que quis aplicar esta medida.

Torra ainda não reagiu à decisão de Sánchez, sobretudo porque queria abrir o diálogo para falar da autodeterminação da Catalunha e da libertação dos presos do processo independentista de 2017.

O comunicado do Governo de Madrid adianta que Sánchez vai estar em Barcelona no dia 7 de Fevereiro e que quer “reunir-se com a presidente da câmara, Ada Colau”, e com empresários, investigadores e responsáveis das universidades.

O presidente do grupo parlamentar da ERC, Sergi Sabrià, acusou Pedro Sánchez de estar a incumprir o acordo feito que permitiu a investidura do socialista, ao adiar a data do início da chamada “mesa do diálogo” entre governos. E exigiu a marcação de uma data, para breve, na reunião entre Sánchez e Torra no dia 6 de Fevereiro. 

“Adiar a mesa de negociações é um incumprimento flagrante do acordo e uma irresponsabilidade absoluta”, escreveu Sabrià no Twitter. “Faltam muitos meses para as eleições e é urgente abrir a via política”.

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