Temos boas notícias: o que te fez sorrir em 2019

Entre um reencontro de namorados, iniciativas rumo à sustentabilidade, a luta pelos direitos das mulheres e algumas conquistas, o P3 reuniu dez “boas notícias” que marcaram o ano que agora acaba.

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MOHAMMAD PONIR HOSSAIN/Reuters

Diz o saber popular que as notícias “são só desgraças”. Mas, ainda que os infortúnios e as calamidades não tenham dado tréguas a 2019, este foi também um ano de “boas notícias”.

Contrariemos a retórica e foquemo-nos no lado positivo da vida. Entre um reencontro de namorados, iniciativas rumo à sustentabilidade, a luta pelos direitos das mulheres e algumas conquistas, o P3 reuniu dez notícias que nos fizeram sorrir em 2019. Muitas mais existem, mas recorda aqui uma pequena selecção daquelas que nos fizeram ter fé na humanidade e ansiar as próximas décadas.

Soldado americano reencontra namorada francesa 75 anos depois do Dia D

Tudo começou em plena II Guerra Mundial, quando o então jovem norte-americano Kara Troy Robbins desembarcou na Normandia, em Junho de 1944, juntamente com milhares de soldados aliados. Esse dia, o Dia D, ficaria para a História pelo início da ofensiva final das forças aliadas sobre a Alemanha nazi, mas também ficaria inscrito na história pessoal de Robbins e Gayane. Setenta e cinco anos depois, em Junho deste ano, o soldado americano Kara Troy Robbins reencontrou a sua paixão francesa, Jeannine Gayane.

Um recorde sustentável: Etiópia planta mais de 350 milhões de árvores num dia​

A Etiópia conseguiu alcançar um recorde mundial, reconhecido pelas autoridades, ao plantar mais de 350 milhões de árvores apenas num dia, em cerca de mil localidades do país. A plantação, que aconteceu a 29 de Julho de 2019, inseriu-se na campanha nacional Green Legacy ("Legado Verde”, em português), que pretende combater os efeitos da desflorestação e das mudanças climáticas num país propenso à seca.

Advogada e cigana, um rosto do princípio da mudança

Era Alcina Jacinto Faneca uma garota e já dizia que queria estudar Direito. Sonhava com uma “justiça imparcial”, daquelas que não olham à pertença étnica, ao género, ao credo ou à orientação sexual. Agora, que tem 25 anos e é advogada estagiária, percebe que o preconceito é um mal difícil de erradicar até dentro dos tribunais, mas nem por isso exclui a possibilidade de se candidatar ao Centro de Estudos Judiciários e de se tornar juíza.​ Pertence a uma família cigana de Torre de Moncorvo, é licenciada em Direito, mestre em Direito Criminal e tem já uma irmã a seguir-lhe as pisadas. Derruba-se assim o estereótipo do cigano filho do vento e das estrelas, que anda de terra em terra, a vender cavalos, atoalhados ou tapetes e a ler o futuro nas palmas das mãos dos outros.

Oito quilos, olhos azuis: pela primeira vez em 100 anos, nasceu um lince-euroasiático nos Pirenéus​

O primeiro exemplar de lince-euroasiático (Lynx lynx) a nascer nos Pirenéus catalães em 100 anos foi apresentado ao público, em Agosto deste ano, pelo Centro de Recuperação da Vida Selvagem de MónNatura Pirineus, um programa da Fundação Catalunya La Pedrera inaugurado em 2002. O lince, baptizado com o nome do centro (MónNatura Pirineus), tem olhos azuis, nasceu no final de Maio de surpresa e tem como pais dois linces já adultos que vivem na reserva desde 2008 e que nasceram em cativeiro num jardim zoológico da Galiza.

“A morna já é Património da Humanidade”, anuncia ministro da Cultura cabo-verdiano

O género musical morna foi classificado como Património Imaterial da Humanidade pela UNESCO, comunicou, em Novembro, o ministro da Cultura de Cabo Verde, Abraão Vicente. Em 2012, um ano depois da morte da cantora Cesária Évora, talvez o maior símbolo musical do país, o governo de Cabo Verde tinha aprovado uma resolução que classificava o género musical como Património Histórico e Cultural Nacional, naquele que foi um primeiro passo para a classificação pela UNESCO.

Frio polar: anónimo paga hotel a 70 sem-abrigo em Chicago​

Na sequência da vaga de frio extremo que assolou os Estados Unidos no início do ano, um cidadão anónimo pagou o alojamento num hotel a 70 sem-abrigo que estavam acampados em Chicago. Segundo o Washington Post, a instituição de caridade cristã protestante The Salvation Army preparava-se para actuar e procurar soluções para alojar os sem-abrigo quando foi informada que os quartos de hotel já estavam pagos.

Pela primeira vez, há mais africanos a sair da pobreza extrema do que a entrar​

O número de africanos que conseguiram sair da pobreza extrema ultrapassou em Março deste ano, pela primeira vez desde que foram definidos os Objectivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), o número de pessoas que entraram nesta situação. De acordo com o World Data Lab, uma empresa de estatísticas que trabalha com a UNICEF na compilação de dados e projecção de tendências demográficas, o número de pessoas que saíram da situação de pobreza extrema por dia suplantou em 367 o número de pessoas que caíram nesta situação.

Mulheres sauditas já não precisam da autorização de um homem para viajar​

As mulheres sauditas deixaram de necessitar da autorização de um homem para sair do país, de acordo com um pacote de medidas conhecidas em Agosto. A mudança foi vista como mais um passo no esforço liberalizador que as autoridades da Arábia Saudita estão a fazer para acabar com a desigualdade entre homens e mulheres. As mulheres passaram também a poder registar os filhos, a pedir o divórcio ou o registo de casamento. Aos poucos, o modelo do “guardião” masculino na Arábia Saudita vai sendo desmantelado.

Ficou conhecido por carregar o colega até à meta. “Não surpreende”: assim é Braima Dabó

Braima Dabó tem 26 anos, é natural da Guiné-Bissau, vive em Portugal e nem imaginava que viria a participar nos Mundiais de Atletismo ou a ter os holofotes do planeta apontados a si por “carregar” um colega e ajudá-lo a terminar a prova de 5000 metros. A cerca de 250 metros da meta, Jonathan Busby, de Arruba, uma pequena ilha das Caraíbas, apresentou dificuldades para se manter em pé devido às altas temperaturas no Estádio Internacional Khalifa, em Doha. Dabó, do clube português Maia Atlético Clube, não deixou a situação passar em claro, voltando atrás para “carregar” o colega e concluírem a prova ao mesmo tempo.​

Honestidade cívica: a maioria das carteiras perdidas que são devolvidas têm dinheiro​

Se alguém encontra uma carteira com dinheiro perdida na rua, fica com ela ou entrega-a? Intuitivamente, a resposta poderia logo ser: fica com o dinheiro e nem entrega a carteira. Também uma equipa de cientistas dos Estados Unidos e da Suíça começou por pensar que essa seria o comportamento mais frequente. Para perceber o que acontece na realidade, os investigadores testaram a honestidade cívica relativamente a carteiras perdidas em 40 países, incluindo Portugal, e ficaram surpreendidos. Publicado na revista Science, em Junho, neste estudo verificou-se que em 38 dos 40 países as pessoas devolviam mais as carteiras que tinham dinheiro.

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