O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, em campanha nas eleições primárias do seu partido, foi retirado na noite desta quarta-feira de um comício eleitoral em Ashkelon, no Sul de Israel, após relatos de iminentes disparos de mísseis na Faixa de Gaza. De acordo com um vídeo transmitido pelo canal de televisão público Kan 11, um agente de segurança aproximou-se de Netanyahu e informou-o de um “alerta vermelho”, com a consequente retirada do evento.

Antes de ser retirado, com a sua mulher, Sara, o primeiro-ministro saudou a assembleia, composta por cem eleitores membros do partido Likud. “Um projéctil foi disparado da Faixa de Gaza para o território israelita e foi interceptado pelo sistema de defesa da Cúpula de Ferro”, anunciou o exército num curto comunicado, acrescentando que as sirenes soaram na cidade de Ashkelon, onde foi realizado o comício de Netanyahu.

Em Setembro passado, o líder do Likud, então na campanha para as eleições legislativas, já havia sido retirado de um comício na cidade de Ashdod, também no Sul do país, quando as sirenes anunciaram o lançamento de mísseis.

Na próxima quinta-feira, os membros do Likud vão votar para eleger o seu novo líder, como parte de um desafio do principal rival do actual primeiro-ministro, Gideon Saar, determinado a ocupar o seu lugar. Espera-se que Netanyahu mantenha a liderança, mas os olhos estão nas percentagens de apoio. O primeiro-ministro enfrenta uma acusação formal por corrupção, a primeira vez na história de Israel que um primeiro-ministro em exercício é acusado judicialmente de um crime grave. 

A 2 de Março de 2020, Israel irá ter uma terceira eleição num espaço de menos de um ano para tentar resolver a pior crise política da sua história, com o líder do Likud e o seu rival do Partido Azul e Branco, Benny Gantz, incapazes de conseguir uma maioria para formar um governo de coligação ou de concordar coligar-se (Gantz recusa participar num Governo com Netanyahu enquanto este for acusado por corrupção).

A 19 e 20 de Dezembro foram disparados dois mísseis de Gaza em direcção a Israel, sem provocar vítimas, divulgou o exército. Em resposta, a força aérea israelita bombardeou duas vezes instalações do Hamas, movimento que domina o enclave palestiniano. Israel considera o Hamas responsável por todos os mísseis disparados para o seu território, embora o Estado hebraico também tenha como alvo outros movimentos armados na zona.

Desde 2008, Israel travou três guerras contra o Hamas e grupos armados aliados em Gaza, onde dois milhões de palestinianos vivem sob um estrito bloqueio israelita imposto há mais de dez anos.