Facebook lança serviço de pagamentos através de WhatsApp e Instagram

O gigante norte-americano anunciou o lançamento de um serviço de pagamentos para concorrer com Apple Pay ou Google Pay. Para já, ainda só está disponível nos EUA. Mas é mais um concorrente de peso para a banca tradicional.

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Reuters/Erin Scott

A tecnológica norte-americana liderada por Mark Zuckerberg anunciou esta terça-feira o lançamento do seu sistema de pagamentos global através das suas aplicações Facebook Messenger, WhatsApp e Instagram. O Facebook Pay só estará, numa primeira fase, disponível nos Estados Unidos, mas é um primeiro passo mais decidido para entrar num sector onde a banca tradicional tem vindo a ser confrontada com concorrência de peso.

Isso mesmo foi já sublinhando pelo governador do Banco de Portugal, recentemente. Carlos Costa alertou que as fintech (pequenas empresas tecnológicas de serviços financeiros) e, sobretudo, as bigtech (grandes empresas tecnológicas, como Amazon, Facebook, Google ou Apple) têm “vantagens competitivas em relação aos bancos” tradicionais, sobretudo as bigtech, os concorrentes que os bancos mais temem.

Uma das maiores ameaças é precisamente o Facebook Pay, dada a sua rede global e universal de utilizadores. Quem utilizar este serviço poderá adicionar um cartão de pagamentos (crédito ou débito) para pagar compras, alguns serviços, subscrever páginas no Facebook Marketplace ou transferir dinheiro entre utilizadores. Numa segunda fase, este tipo de funcionalidades estará também disponível no WhatsApp e no Instagram.

Os principais concorrentes, numa primeira fase, nem sequer são ainda os bancos tradicionais, mas as outras tecnológicas que têm disponibilizado uma panóplia de serviços semelhantes, entre Google Pay, Apple Pay, Venmo. Em Portugal, as plataformas de pagamentos que estão a recolher maior adesão dos consumidores são a Revolut ou N26. E os bancos portugueses têm tentado acompanhar esta dinâmica através do MB Way, mas sobretudo utilizando as suas próprias apps para fidelizar os seus clientes.

Esta iniciativa do Facebook não se confunde com o seu próprio sistema monetário – a Libra – que está ainda numa fase muito embrionária e funcionará com condições diferentes do Facebook Pay. Por outro lado, a gigante – que enfrenta uma crise de reputação devido à utilização de dados privados para fins comerciais e políticos – já testou o WhatApp Pay na Índia há ano e meio, tendo enfrentado alguma resistência das autoridades locais por não estar a cumprir os regulamentos bancários, em especial as normas de privacidade.

O Facebook Pay – que não tem data ainda para o seu lançamento na Europa – surge num contexto em que, conforme prognosticou já Carlos Costa, o mercado “será mais competitivo e será marcado pela oferta separada de diferentes produtos que estavam agregados na banca universal”. Ameaçando, assim, a hegemonia histórica dos bancos tradicionais.

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