A agenda do sínodo por pontos

O “instrumentum laboris” que funciona como um documento preparatório para o sínodo está longe de se esgotar nos aspectos mais mediáticos: ordenação de homens casados e a procura de novos ministérios para as mulheres naquela região do globo. A Igreja propõe-se, por exemplo, actuar no sentido de ajudar a “curar” a Amazónia, “ferida e deformada” pelos interesses das empresas.

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O rio Amazonas liberta para o Atlântico 15% da água doce do planeta Nelson Garrido (arquivo)
  • Exigir dos governos que garantam os recursos necessários para a protecção efectiva dos povos indígenas isolados, garantindo a sua integridade física e a dos seus territórios.
  • Informar os povos indígenas sobre os seus direitos e a cidadania a propósito da sua situação.
  • Enfrentar o problema migratório dos povos da Amazónia “de maneira coordenada”, criando serviços de acolhimento em cada comunidade urbana que permaneça aberta àqueles que chegam de forma imprevista, com necessidades urgentes, e também oferecer protecção face ao perigo das organizações criminosas.
  • Promover projectos agro-familiares nas comunidades rurais.
  • Exercer pressão como comunidade eclesial perante os poderes públicos, para que respondam às necessidades e direitos dos migrantes.
  • Implementar uma adequada preparação do clero para enfrentar a complexidade, subtileza e gravidade dos urgentes problemas ligados à corrupção e ao exercício do poder
  • Acompanhar as iniciativas da Igreja com outras instâncias, para exigir que as empresas assumam responsabilidades sobre os impactos sócio-ecológicos das suas acções, em conformidade com os parâmetros jurídicos dos próprios Estados.
  • Valorizar a medicina tradicional, a sabedoria dos anciãos e os rituais indígenas, e ao mesmo tempo facilitar o acesso aos remédios para curar as novas doenças.
  • Exigir dos governos uma regulamentação rigorosa das indústrias e a denúncia daquelas que poluem o meio ambiente.
  • Avaliar as estruturas médicas da Igreja, como hospitais e centros de saúde, à luz de uma saúde integral e acessível a todos os habitantes, que assuma a medicina tradicional como parte dos seus programas de saúde
  • Na educação, a igreja propõe-se defender planos educativos forcados na educação segundo as culturas indígenas, “que respeitem as línguas nativas”, e exigir o ensino da teologia indígena pan-amazónica em todas as instituições educativas da Igreja e que tenha em consideração “os mitos, tradições, símbolos, saberes, ritos e celebrações originários”.
  • Desmascarar as novas formas de colonialismo presentes na Amazónia
  • Favorecer uma Igreja como instituição de serviço não auto-referencial, co-responsável no cuidado da Casa Comum e na defesa dos direitos dos povos
  • Rejeitar a aliança com a cultura dominante e o poder político e económico, para promover as culturas e os direitos dos indígenas, dos pobres e do território
  • Transpor posições rígidas que não têm suficientemente em consideração a vida concreta das pessoas, nem a realidade pastoral, para ir ao encontro das necessidades concretas dos povos e das culturas indígenas,
  • Assumir a denúncia contra modelos extractivistas que prejudicam o território e violam os direitos das comunidades. Levantar a voz diante de projectos que afectam o meio ambiente e promovem a morte.
  • Promover a dignidade e igualdade da mulher na esfera pública, particular e eclesial, assegurando canais de participação, combatendo a violência física, doméstica e psicológica, o femicídio, o aborto, a exploração sexual e o tráfico, comprometendo-se a lutar para garantir os seus direitos e para superar qualquer tipo de estereótipo.
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