Pompeo intimado a depor no Congresso na investigação para o impeachment de Trump

Partido Democrata emitiu as primeiras convocatórias já para a próxima semana. Enviado especial para a Ucrânia demitiu-se e campanha de reeleição de Trump preparou anúncio centrado na “corrupção de Biden”.

presidente dos Estados Unidos
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Protesto a favor do impeachment junto ao Capitólo, em Washington MICHAEL REYNOLDS/EPA
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Pompeo terá de divulgar documentos e autorizar funcionários do Departamento de Estado a depor Jonathan Ernst/REUTERS

O Partido Democrata, maioritário na Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, está a acelerar a investigação sobre os contactos entre o Presidente e responsáveis ucranianos, que poderá conduzir a um processo de impeachment e eventual destituição de Donald Trump. O primeiro membro da Administração intimado a depor foi o secretário de Estado, Mike Pompeo, e a primeira vítima do escândalo político e diplomático que está a abalar a Casa Branca foi Kurt Volke, que já não é enviado especial norte-americano para a Ucrânia.

Nos termos da intimação, o responsável pela diplomacia norte-americana terá ainda de apresentar uma série de documentos e várias testemunhas, que se espera que possam esclarecer o que parece ter sido a tentativa do Presidente dos Estados Unidos de pressionar a Ucrânia a ajudá-lo a obter material para fazer uma campanha suja contra um rival político, Joe Biden, o seu potencial adversário democrata nas eleições presidenciais de Novembro de 2020.

Debaixo da mira de Trump estavam os negócios relacionados com o mercado energético ucraniano de Hunter Biden, filho do ex-vice-presidente de Barack Obama.

Entre os citados figura a embaixadora dos Estados Unidos na Ucrânia, Marie Yovanovitch, que deporá a 2 de Outubro, o embaixador de Trump para a União Europeia (UE), Gordon Sondland (dia 10), e Kurt Volke, que na sexta-feira renunciou ao cargo de enviado especial dos EUA para a Ucrânia, considerando não ter mais condições para desempenhar as suas funções.

Todos eles são mencionados ou no resumo da conversa do Presidente dos EUA com o seu homólogo ucraniano, Volodimir Zelensky, a 25 de Julho, ou na denúncia anónima feita, ao que tudo indica, por um analista da CIA, diz o New York Times, que tomou conhecimento da conversa na Casa Branca.

A 4 de Outubro será ouvido à porta fechada o inspector-geral dos serviços secretos, Michael Atkinson, que considerou ser credível o relatório do denunciante. E os congressistas democratas estão ainda a debater se vale a pena convocar a depor Rudolph Giuliani, o advogado particular do Presidente Donald Trump – uma figura central da questão ucraniana –, noticia a agência Reuters.

Anúncio contra Biden

A investigação que está a iniciar-se no Congresso pretende “avaliar até que ponto o Presidente Trump comprometeu a segurança nacional ao pressionar a Ucrânia a interferir na nossa eleição de 2020 e ao reter assistência fornecida pelo Congresso para ajudar a Ucrânia a responder à agressão russa”, segundo os democratas. Para a combater, a campanha para a reeleição de Trump anunciou ter investido dez milhões de dólares para começar a rodar na televisão e na Internet um novo anúncio, intitulado “Corrupção de Biden”, que acusa o Partido Democrata de estar a fazer campanha política com a investigação para o impeachment.

A verdade é que a maioria do Partido Republicano no Senado dificilmente permitirá que os democratas cheguem ao fim do processo de impeachment, destituindo o Presidente. Durante vários meses e colocada perante diversos escândalos envolvendo Trump, a oposição resistiu à tentação o fazer, temendo oferecer ao republicano uma arma de arremesso na campanha para 2020. Desta vez e face à gravidade das acusações, argumentam, não tiveram alternativa.

Em resposta à investigação, Trump insistiu na tese da “caça às bruxas” que diz estar a ser-lhe movida desde que se começou a falar na interferência de Moscovo nas presidenciais de 2016, para o favorecer, e argumentou que o processo de impeachment faz parte de uma estratégia dos democratas para “prejudicar a sua enorme popularidade”. 

Joe Biden transformou-se num alvo dos republicanos porque as sondagens o têm apresentado como o melhor candidato para ganhar as primárias do Partido Democrata e ser o representante do partido a disputar as eleições presidenciais de 2020, contra Donald Trump. Algumas sondagens estão a mostrar, no entanto, que a senadora Elizabeth Warren está a conseguir suplantar Biden – mas é apenas uma tendência, que carece de fundamentação.

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