Amazon anuncia campanha para Acordo de Paris ser cumprido dez anos antes

A empresa, que possui uma enorme rede logística de transporte rodoviário, é um grande produtor de gases com efeito de estufa e os seus centros de servidores são também grandes consumidores de energia.

Jeff Bezos, fundador da Amazon, na apresentação da iniciativa "O Compromisso Climático"
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Jeff Bezos, fundador da Amazon, na apresentação da iniciativa "O Compromisso Climático" MICHAEL REYNOLDS/LUSA
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Jeff Bezos, fundador da Amazon, colocou todo o peso do conglomerado da distribuição electrónica numa campanha para ajudar a cumprir com dez anos de antecedência os compromissos do Acordo de Paris sobre o clima.

“O meu compromisso é cumprir os objectivos do Acordo de Paris com dez anos de avanço e a Amazon é a primeira da lista”, que deve incluir outras empresas, declarou Bezos, a pessoa mais rica do mundo, durante uma conferência de imprensa em Washington, ao apresentar esta nova iniciativa designada “The Climate Pledge” ("O Compromisso Climático").

“Vamos usar a nossa influência e a nossa dimensão para mostrar o caminho”, realçou Bezos, prometendo que a Amazon iria ter emissões de carbono anuais neutras até 2040.

A Amazon, que construiu o seu sucesso com uma enorme rede logística de transporte rodoviário, para garantir entregas cada vez mais rápidas, é um grande produtor de gases com efeito de estufa, os principais responsáveis pelo aquecimento global. Os centros de servidores da Amazon também são grandes consumidores de energia.

“Se uma empresa com tantas infra-estruturas físicas como a nossa — que entrega mais de 10 mil milhões de pacotes por ano — pode cumprir os objectivos do Acordo de Paris dez anos mais cedo, então todas as empresas podem fazê-lo”, afirmou Bezos, sublinhando que outros empresários tinham-lhe comunicado o seu interesse em se juntarem à iniciativa.

“As grandes empresas que assinarem O Compromisso Climático vão enviar um forte sinal ao mercado para realçar que é tempo de investir em produtos e serviços que os signatários vão precisar para cumprirem os seus compromissos”, sinalizou.

O Compromisso Climático vai exigir aos seus signatários que usem uma abordagem científica das suas emissões de gases com efeito de estufa, com medidas e declarações regulares.

As empresas aderentes deverão também seguir estratégias de descarbonização e conseguir neutralizar as emissões residuais “com compensações suplementares, quantificadas, reais, permanentes e socialmente benéficas para atingir emissões de carbono anuais neutras até 2040”, foi detalhado em comunicado da Amazon.

Bezos anunciou que vai encomendar 100 mil camiões eléctricos à empresa norte-americana Rivian, cujas primeiras unidades vão estar operacionais em 2021. A Amazon também se comprometeu esta quinta-feira a alcançar 80% de energias renováveis até 2024 e 100% até 2030 para alcançar a neutralidade carbónica até 2040.

A empresa também anunciou um investimento de 100 milhões de dólares (90,5 milhões de euros) na “restauração e a protecção de florestas, zonas húmidas e turfeiras em parceria com The Nature Conservancy”, uma organização não-governamental (ONG) norte-americana.

“A ciência é clara: as florestas, as pradarias e as zonas húmidas em boa saúde são os instrumentos mais eficazes para enfrentar as alterações climáticas, mas temos de agir agora para desenvolver as soluções climáticas naturais”, declarou Sally Jewel, directora interina da ONG, citada no comunicado da Amazon.

O anúncio de Bezos foi feito a alguns dias de uma cimeira especial da Organização das Nações Unidas sobre o clima, que vai reunir em Nova Iorque vários chefes de Estado e governo. Espera-se que, durante a cimeira, estes dirigentes reforcem os seus compromissos para limitar o aquecimento global à escala do globo a 1,5º, em relação ao período pré-industrial, no século XIX.

Mais de mil empregados de Bezos anunciaram que iam desfilar na sexta-feira no quadro de um apelo internacional para exigir acções contra as alterações climáticas.

Num relatório de 2018, o Grupo de Peritos Intergovernamentais sobre a Evolução do Clima avisou que, para conter o aquecimento global, as emissões de dióxido de carbono deviam cair fortemente, em 45%, até 2030, e o mundo alcançar a neutralidade carbónica em 2050.

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