Rui Rio tem “olhar crítico” sobre actuação do Banco de Portugal

Líder do PSD voltou a rejeitar uma “geringonça” feita de “qualquer maneira”.

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Líder do PSD foi o convidado do almoço-debate da Câmara de Comércio e Industria Portuguesa LUSA/MÁRIO CRUZ

O líder do PSD assume como “óbvio” um “olhar crítico” sobre a actuação do Banco de Portugal (BP) ao longo dos últimos anos – “num período alargado” – nas “diversas administrações”. Rui Rio respondia a uma pergunta sobre a intervenção do regulador do sistema financeiro num almoço-debate promovido pela Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa (CCIP).

“Vejo com um olhar muito crítico, nas diversas administrações do Banco de Portugal”, disse o líder do PSD, assumindo que esta sua percepção “colhe em 99% das pessoas” e que “é uma verdade a la palisse”. Perante uma plateia de empresários, Rio defendeu que “se [o Banco de Portugal] tivesse estado mais atento, a situação não teria chegado onde chegou”, referindo-se depois ao colapso do BES.

Se o BP “não estava atento” ao GES e ao BES – e disse que “um estava bem e o outro não” –, Rio lembrou que até o então Presidente da República, Cavaco Silva, fez “afirmações” no sentido de dar garantias sobre a estabilidade do banco e “depois aconteceu o que aconteceu”.  O “único desconto” que Rui Rio dá à intervenção do regulador da banca é a “crise económica e financeira internacional” que “acelerou” os problemas na banca portuguesa.

Foi também em resposta a perguntas do seu interlocutor, Miguel Horta e Costa (vice-presidente CCIP), que Rio voltou a rejeitar uma “geringonça” à direita a qualquer custo, à semelhança da que se formou à esquerda nos últimos quatro anos. Essa é uma geringonça “mal-amanhada” e que “foi concertada para conseguir uma maioria parlamentar e não tinha uma estratégia”, disse, diferenciando da maioria parlamentar que considera ser possível à direita. “Apoio uma maioria do PSD e à direita mas não na lógica de geringonça. Não é somar 116 deputados de qualquer maneira”, disse, perante uma plateia de empresários e onde estava também Paulo Portas, ex-líder do CDS, que é actualmente vice-presidente da CCIP.

Na intervenção inicial, de perto de 45 minutos, o líder do PSD destacou propostas sociais-democratas em áreas como a economia, a saúde, o ambiente, e as reformas estruturais. Neste campo, reiterou a vontade de mudar o sistema político, a arquitectura da justiça e a segurança social. Aí, Rui Rio voltou a defender que um só partido não será capaz de o conseguir: “Se queremos mudar o sistema político, ou fazer uma reforma a sério da justiça, não há nenhum partido que, mesmo com maioria absoluta, o consiga fazer”. O mesmo se aplica à descentralização – onde apesar de parecer incómodo (“nem devia dizer isto aqui”) – Rio reafirmou as críticas à “concentração” de serviços e de população em Lisboa.

Este é o terceiro almoço-debate do género promovido pela CCIP na pré-campanha eleitoral, depois de António Costa, líder do PS, e de Assunção Cristas, líder do CDS. 

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