Sócios da KPMG que auditaram BES abandonam actividade

Na sequência da intervenção da CMVM, três sócios da consultora do BES anunciaram o cancelamento do seu registo junto do supervisor.

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O responsável máximo da KPMG Angola, Sikander Sattar, foi dar explicação sobre a queda do BES ao Parlamento português. lm miguel manso

Três sócios da auditora KPMG que fiscalizaram o antigo Banco Espírito Santo (BES) apresentaram pedidos para cancelar os seus registos junto da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), deixando de exercer actividade.

De acordo com um comunicado da CMVM, “Inês Viegas, Sílvia Gomes e Fernando Antunes, sócios da KPMG & Associados, Sociedade de Revisores Oficiais de Contas, S.A. (“KPMG”), solicitaram o cancelamento dos respectivos registos para o exercício de funções de auditoria junto da CMVM”.

Este passo surge na sequência da actuação do regulador liderado por Gabriela Figueiredo Dias, que explicou em comunicado que “no contexto de uma acção da CMVM, no âmbito dos seus poderes de supervisão de auditores, relativa à idoneidade enquanto condição de manutenção do registo na CMVM dos Revisores Oficiais de Contas, informa-se que Inês Viegas, Sílvia Gomes e Fernando Antunes, sócios da KPMG & Associados – Sociedade de Revisores Oficiais de Contas solicitaram o cancelamento dos respectivos registos para o exercício de funções de auditoria junto da CMVM”. A CMVM acrescenta que “o referido pedido de cancelamento foi deferido pela CMVM e produz efeitos a partir da presente data”.

Adicionalmente, “os referidos sócios deixam de poder desempenhar as funções de auditoria, porque deixam de estar registados na CMVM”, explica a CMVM, adiantando que “a adopção das melhores práticas por todos os agentes económicos, incluindo os auditores, é condição necessária para o funcionamento eficiente do mercado de capitais e para o desenvolvimento da economia nacional”.

Esta medida surge em paralelo com a investigação da CMVM ao papel da KPMG na queda do BES, perante as suspeitas de que a auditora deixou passar vários sinais de que os problemas no banco estavam a acumular-se, até culminarem no colapso da instituição liderada por Ricardo Salgado. Este processo ainda está a decorrer, não havendo qualquer decisão tomada no que diz respeito à eventual aplicação de contra-ordenações.

A KPMG já foi condenada pelo Banco de Portugal a pagar três milhões de euros por infracções graves, dados os indícios de que estava a par das perdas que se vinham acumulando no BES Angola, que acabariam por ter consequências dramáticas no banco em Lisboa. Dois dos sócios, Inês Viegas e Fernando Antunes, também foram condenados ao pagamento de coimas.

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