Mr. Bungle de Mike Patton reúnem-se e anunciam três concertos

A banda actuará em Fevereiro de 2020 em Los Angeles, São Francisco e Nova Iorque para reinterpretar na íntegra a primeira maqueta da banda, The Raging Wrath of the Easter Bunny. Aos membros fundadores Mike Patton, Trevor Dunn e Trey Spruance juntar-se-ão Dave Lombardo, dos Slayer, e Scott Ian, dos Anthrax.

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Mike Patton, homem de mil bandas que atingiu sucesso "mainstream" com os Faith No More, tem nos Mr. Bungle um dos seus projectos mais celebrados Nuno Oliveira

Se fosse feito de acordo com as regras, este teria sido o ano. Em 2019 passam duas décadas desde o lançamento de California, o último e mais celebrado álbum dos Mr. Bungle. Assim sendo, caso fossem cumpridas as regras habituais para regressos de bandas, onde se inclui a obrigação de os fazer em datas redondas para maior impacto em questões de marketing, deveríamos estar neste momento a receber testemunhos da nova vida na estrada do delirante melting pot sónico criado por Mike Patton, Trevor Dunn e Trey Spruance. Ora, como sabemos, os Mr. Bungle não são uma banda normal. O regresso não se fará, portanto, este ano, mas em Fevereiro de 2020. E o que está prometido não passa por California ou Disco Volante, antes pela primeira maqueta da banda, editada em 1986.

Foi com The Raging Wrath of the Easter Bunny que os Mr. Bungle se apresentaram ao mundo. Gravado, além do trio já referido, pelo baterista Jed Watts e pelo saxofonista Theo Lengyel, mostrava canções grandemente influenciados pelo punk-harcore e, principalmente, pelo thrash metal de Slayer e Anthrax (a componente mais radical dos chamados Big Four do metal, onde se incluem também os Metallica e os Megadeth). Apesar disso, dava já alguns sinais da visão musical sem barreiras, frenesim surrealista onde diferentes géneros colidem num espaço exíguo, que se tornaria imagem de marca do grupo. Apesar dos enxertos de ska, jazz ou hip-hop, apesar de se ouvirem kazoos, congas e sopros em alguns momentos, estávamos ainda distantes dos Mr. Bungle registados na discografia oficial, composta pelo álbum homónimo de 1991, por Disco Volante e pelo supracitado California.

Os concertos de regresso, todos nos Estados Unidos, terão lugar no Fonda Theatre de Los Angeles (7 de Fevereiro), no Warfield Theatre de São Francisco (8 de Fevereiro) e no Brooklyn Steel de Nova Iorque (10 de Fevereiro). Os bilhetes serão postos à venda esta sexta-feira, dia 16 de Agosto. A acompanhar os fundadores Patton, Dunn e Spruance, estarão Scott Ian, guitarrista dos Anthrax, e Dave Lombardo, baterista co-fundador dos Slayer. Ou seja, dois dos músicos que mais influenciaram inicialmente os Mr. Bungle surgem, 33 anos depois, como membros da banda.

Uma espera de 33 anos

A origem deste regresso esteve na ideia alimentada há alguns anos de registar uma nova versão de The Raging Wrath of the Easter Bunny. Esse projecto foi abandonado, mas não a vontade de fazer qualquer coisa a partir desse momento fundador. Nos depoimentos enviados à imprensa com o anúncio da reunião, o guitarrista Trey Spruance explica que foi Lombardo o primeiro responsável pelos concertos marcados para Fevereiro. “Lombardo ligou-me um dia e pediu-me para fazer algumas demos de guitarra de forma a que ele pudesse aprender as canções. Teve a ideia generosa de surpreender o resto do pessoal, mostrando-se totalmente pronto para trabalhar a música”. Quando recebeu o telefonema, Spruance estava em Eureka, Califórnia, precisamente na mesma casa em que gravara as guitarras para a demo de 1986. A partir daí, tudo se pôs em movimento.

“Sempre senti que esta música valia por si e que merecia ser apresentada num formato mais limpo e definido, mesmo que isso significasse esperar 33 anos”, afirmou Trevor Dunn. O baixista considera que ter nos Mr. Bungle Scott Ian e Dave Lombardo, além de ser a concretização de um sonho de adolescência, fará verdadeira justiça à viagem no tempo que implica recuperar a música de The Raging Wrath of the Easter Bunny. “Eles são uma percentagem significativa dos Big Four, que tiveram um enorme impacto em nós”, afirma Dunn. “Se vamos regressar a esta origem, o melhor será percorrer TODO o caminho de regresso”.

As bandas suportes dos concertos de regresso serão anunciadas brevemente. Os Mr. Bungle separaram-se em 2000, um ano depois da edição de California. Mike Patton dedicaria o seu tempo aos Fantômas ou aos Tomahawk (e, pelo meio, juntar-se-ia aos renascidos Faith No More). Trey Spruance, entre outras experiências musicais, dedicou-se aos seus Secret Chiefs 3, enquanto Trevor Dunn, que integrou tanto estes últimos como os Fantômas e os Tomahawk, tornou-se também baixista dos Melvins.

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