Faith No More Os anos 90 estão de volta?

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Amanhã, no Festival Sudoeste, há outro regresso de glórias da década passada.
Os Faith No More também acordaram, 11 anos depois do fim.

Em alguns círculos, constantemente à procura da próxima tendência, fala-se já em revivalismo dos anos 1990. Olhando para os cartazes de amanhã dos festivais Rock One e Sudoeste, a tentação é grande para alinhar nessa tese: My Bloody Valentine no Algarve, Faith No More, outra instituição dessa década, no Alentejo.Onze anos depois do fim, que aconteceu duas semanas depois de concertos da banda no Porto e em Lisboa, eis os Faith No More de novo nos palcos com a formação que gravou "Album of the Year" (1997), último álbum do grupo: Mike Bordin, Roddy Bottum, Billy Gould, Jon Hudson e Mike Patton.
Nestes anos de ausência, todos tiveram outros projectos. Billy Gould, por exemplo, andou metido em algumas lides nu-metal (estilo que deve muito às experiências de fusão entre rap e rock dos Faith No More), enquanto Mike Bordin andou na estrada com Ozzy Osbourne e participou nos discos do vocalista dos Black Sabbath. Mas foi Patton que se manteve mais activo, multiplicando-se em projectos, do hip-hop romântico de Lovage aos demoníacos Fantômas, passando pela gestão da sua editora, a Ipecac.
Os convites para o regresso dos Faith No More apareciam com regularidade, mas a banda não queria pensar nisso. Até 2009. "O que mudou foi que este ano, pela primeira vez, decidimos sentarmo-nos e falar sobre isso. E descobrimos que o tempo permitiu-nos ter distância suficiente para olhar para trás com uma lente mais limpa. Apercebemo-nos que a música ainda soava bem e estamos a começar a apreciar o facto de podermos ter feito algo bem", afirmam num comunicado colocado no "site" oficial da banda. O anúncio do regresso foi feito em Fevereiro.
"We Care a Lot", a estreia de 1985, e "Introduce Yourself" (1987) continham já elementos do que seria o som clássico dos Faith No More (guitarras metálicas, bateria com precisão marcial), mas só com a entrada de Mike Patton, um alucinado vocalista com provas dadas nos Mr. Bungle, substituindo Chuck Mosley no microfone, é que a banda se torna realmente importante. Convenientemente chamado "The Real Thing" (1989), o álbum da estreia de Patton deu-se num dos discos fundamentais do rock dos últimos 20 anos (motivos não faltam: "From out of nowhere", com teclados deliciosamente xaroposos, "Epic", a demonstrar a elasticidade vocal de Patton, "Surprise! You're dead", metálica q.b., e a versão sublime de "War pigs", dos Black Sabbath). "Angel Dust", de 1992, confirmou o talento.
A boa disposição e a vontade de confundir continua intacta, a julgar pelos relatos dos concertos que a banda já deu. Impecavelmente vestidos, Patton e companheiros têm-se divertido a reinventar "Poker face", original de Lady GaGa, e "Fuck you", de Lily Allen, para além de êxitos como "Midlife crisis" e "The gentle art of making enemies". Para já ainda são só rumores, mas é possível que venham a gravar um novo disco. P.R.

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