Empresa de Jared Kushner recebeu 80 milhões de offshore desde a nomeação para a Casa Branca

Origem da verba é desconhecida. Genro de Trump, que também é conselheiro do Presidente dos EUA, foi considerado vulnerável à pressões estrangeiras.

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Jared Kushner é genro do presidente norte-americano e conselheiro da Casa Branca Reuters/Joshua Roberts

Uma empresa do ramo imobiliário fundada e parcialmente detida por Jared Kushner recebeu 90 milhões de dólares (aproximadamente 80 milhões de euros) provenientes de fundos offshores desconhecidos desde que o genro de Donald Trump se tornou conselheiro da Casa Branca em Janeiro de 2017, diz o The Guardian.

Kushner manteve a participação na Cadre, empresa fundada em 2014, após ter assumido as funções de conselheiro do Presidente norte-americano. O dinheiro chegou através de um veículo financeiro gerido pela Goldman Sachs nas Ilhas Caimão, que garante o anonimato da entidade autora da transferência. O irmão de Jared Kushner, Joshua, e o empresário Ryan Williams completam o trio que fundou a empresa. 

Citados pelo jornal britânico, alguns peritos afirmam que o financiamento estrangeiro da Cadre pode indiciar um possível conflito de interesses, já que as funções de Kushner enquanto conselheiro presidencial estão directamente relacionadas com iniciativas diplomáticas norte-americanas. Jessica Tillipman, especialista em ética governamental e leis anti-corrupção, diz ao Guardian que este caso pode gerar dúvidas sobre se Kushner está a ser “influenciado de forma imprópria”.

De acordo com os advogados de Kushner, o genro de Trump pôs o lugar no conselho de administração da empresa à disposição e passou a controlar apenas 25% das acções após ter aceite a nomeação para a Casa Branca. As entidades estrangeiras que investem na Cadre via Goldman Sachs nunca foram nomeadas pela empresa do genro de Trump, que não está legalmente obrigada a fazê-lo.

Em Fevereiro de 2018, Jared Kushner viu ser-lhe revogada a credencial de segurança necessária para aceder a informações confidenciais do Governo, nomeadamente ao relatório diário dos serviços secretos que é fornecido ao Presidente. A revogação aconteceu numa altura em que Kushner estava a ser investigado por ter participado numa reunião com uma advogada russa com ligações ao governo de Vladimir Putin, ainda durante a campanha eleitoral de 2016.

Nesse mesmo mês, comunicações dos Emirados Árabes Unidos, China, Israel, e México interceptadas pelas autoridades norte-americanas mostraram que estes quatro países tentaram influenciar Jared Kushner, por identificarem no genro de Trump vulnerabilidades como “dificuldades financeiras” e “falta de experiência política.” 

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