EUA sobem taxas, China promete retaliar

A meio de mais uma ronda negocial para a obtenção de um acordo entre os dois países, os EUA concretizaram a subida de 10% para 25% das taxas alfandegárias de 5700 produtos chineses. A China diz que terá de tomar as suas próprias medidas.

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Donald Trump, presidente dos EUA, e Xi Jinping, presidente da China Reuters/Jonathan Ernst

O presidente Donald Trump tinha avisado no início da semana e na madrugada desta sexta-feira a ameaça concretizou-se: os Estados Unidos subiram para 25% as taxas alfandegárias de mais 5700 produtos importados da China, no valor de 200 mil milhões de dólares. Um movimento que pode agora desencadear uma retaliação da China numa altura em que decorrem ainda negociações entre os dois países para chegar a um acordo.

A subida das taxas, realizada às cinco da manhã (hora de Lisboa, meia-noite nos EUA) acontece exactamente a meio de uma ronda de negociações de dois dias que se está a realizar em Washington, com a presença do vice-primeiro ministro chinês Liu He. Na quinta-feira houve um encontro de 90 minutos entre as duas partes e para esta sexta-feira está agendada outra reunião.

As expectativas de aproximação rápida a um acordo, que nos últimos meses eram muito fortes, são agora muito mais reduzidas. O presidente norte-americano tem, nos últimos dias, justificado a decisão de colocar um ponto final na trégua assinada com o seu homólogo Xi Jinping em Dezembro e subir as taxas de 10% para 25% com o que diz ser a tentativa da China de “renegociar” uma série de temas em que um entendimento já estava próximo. Esta quinta-feira, ainda houve uma derradeira esperança de que a subida de taxas não se concretizasse, quando Trump afirmou ter recebido uma “linda carta” do seu homólogo chinês e prometeu um trabalho conjunto em direcção a um entendimento.

O regresso a uma estratégia negocial mais agressiva por parte da Casa Branca, no entanto, acabou por se concretizar. A nova subida de taxas constitui visa uma série de produtos que tinham ficado de fora das primeiras decisões do mesmo género tomadas em 2018 pela Casa Branca.

Do lado chinês, que recusa a acusação de estar a voltar atrás em algum entendimento, espera-se agora uma retaliação. Na primeira reacção oficial a seguir à subida de taxas, o Ministério do Comércio chinês emitiu um comunicado em que “lamenta profundamente” a decisão norte-americana, acrescentando que terá de tomar as medidas que forem necessárias. Não foram dados pormenores sobre que medidas serão essas. Entre as possibilidades mais faladas estão a subida de taxas de produtos importados dos EUA que ainda não foram visados em anteriores retaliações ou a imposição de obstáculos administrativos à entrada de bens norte-americanos nas fronteiras da China.

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Xi Jinping e Donald Trump, num encontro realizado em Pequim Reuters/THOMAS PETER

A reacção dos mercados tem sido muito negativa. Desde que Trump avisou que iria voltar a subir taxas alfandegárias, têm vindo a registar-se perdas significativas nos índices da generalidade das bolsas mundiais, tanto nos EUA, como na China e na Europa. Nos meses anteriores, quando existia a expectativa de um acordo entre as duas partes, a maior parte dos mercados apresentou uma evolução positiva, sendo agora surpreendidos pelo regresso a um clima de confronto, com medidas e contramedidas por parte das autoridades dos dois países.

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