Greve dos motoristas de matérias perigosas está marcada por tempo indeterminado

Sindicato endurece a posição e garante que ninguém voltara ao trabalho com vencimentos base abaixo de dois salários mínimos nacionais.

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Rui Gaudencio

O documento que faz o aviso prévio de greve dos trabalhadores afectos ao Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas, a que o PÚBLICO teve acesso, indica que a paralisação dos trabalhadores se iniciará às 00h01 do dia 23 de Maio de 2019 e decorrerá por tempo indeterminado. E, de acordo com o advogado do sindicato que tem estado à frente das negociações, Pedro Pardal Henriques, não haverá lugar a mais nenhuma negociação depois de a Antram, acusa, ter rompido com toda a boa-fé negocial.

“Já não voltamos a desmarcar nada, nem a alargar prazos. A Antram não pode andar a brincar connosco como andou a brincar com a Fectrans para assinar o Contrato Colectivo de Trabalho. Agora vamos até ao fim e não aceitamos nada abaixo de um remuneração base que corresponda a dois salários mínimos nacionais, os 1200 euros”, disse Pardal Henriques ao PÚBLICO.

A ameaça surge na sequência de uma crítica dura, que também está escrita no aviso prévio de greve: a de que a Antram veiculou mentiras ao dizer que a proposta em cima da mesa previa um salário para os motoristas de 700 euros e que era a partir dessa base que estavam a negociar. 

“A Antram chegou-nos com uma proposta de aumento de 1,6% nos salários. Isso dava um aumento de 10 euros por mês nos salários actuais, de 630 euros. Isto é mentira, dizer que aceitámos esta proposta”, reclamou o advogado, acrescentando que a única coisa que o sindicato concedeu foi dar margem às empresas para se adaptarem e permitir um prazo para chegar aos 1200 euros pretendidos.

“A proposta que íamos levar aos motoristas era um pagamento progressivo que começava em Janeiro de 2020 com 1010 euros, e 1100 euros em 2021. No ano seguinte era suposto chegar aos 1200 euros. Agora já não aceitamos fases, nem progressão nenhuma. Vamos reivindicar os 1200 euros já”, disse Pardal Henriques, garantindo que os motoristas não voltarão à estrada sem essa garantia.

No texto do pré-aviso todas aquelas ameaças estão vertidas. O sindicato escreve que não voltará a “conceder mais prazo algum à Antram, já que além da falta de respeito pela comissão negociadora, persiste (e aumenta) a insatisfação generalizada nestes trabalhadores de transportes de mercadorias perigosas”.

O pré-aviso foi entregue com 12 dias de antecedência antes do arranque da greve, que está marcada para escassos três dias antes das eleições europeias, a 26 de Maio. Trata-se de um documento de três páginas onde o sindicato já indica cerca de uma dezena de áreas onde deverão ser efectuados os serviços mínimos, e determina que o nome dos trabalhadores escalados para os efectuar deverão ser comunicados pelas empresas ao sindicato com uma antecedência mínima de 48 horas. 

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