Consórcio iNature contra explorações mineiras em áreas naturais

Um conjunto de 340 agentes públicos, privados e associativos de 12 territórios de importância ambiental contestam a prospecção e exploração de lítio e outros depósitos minerais.

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Adriano Miranda

O consórcio iNature, que representa 12 territórios de elevado potencial natural, está contra a exploração de lítio e minerais em áreas naturais e vai remeter ao Governo uma recomendação de rejeição para eventuais prospecções, foi hoje anunciado.

“Com a convicção de que não poderá neste âmbito existir qualquer margem para dúvidas, o consórcio iNature remeterá, no âmbito dos processos em consulta pública, à Direcção-Geral de Energia e Geologia, mas também ao Ministério do Ambiente e da Transição Energética e ao Ministério da Economia, a recomendação de que seja liminarmente rejeitada qualquer possibilidade de prospecção e exploração de lítio e outros depósitos minerais dentro dos perímetros que definem as áreas naturais classificadas”, refere aquele consórcio, em comunicado enviado à agência Lusa.

A posição foi deliberada em assembleia-geral deste consórcio, que representa um conjunto alargado de 340 agentes públicos, privados e associativos de 12 territórios de elevada importância ambiental e natural, entre os quais o Parque Natural da Serra da Estrela, a Geoparque Naturtejo, o Parque Natural Local Vouga-Caramulo ou o Parque Natural da Serra d'Aire e Candeeiros.

Assinado pela entidade líder do consórcio (Destinature - Agência para o Desenvolvimento do Turismo de Natureza, que está sediada no Fundão), o documento defende que devem ser criadas “zonas tampão de protecção a partir desses perímetros para a minimização dos impactos de eventuais explorações que venham a localizar-se na sua proximidade”.

Lembrando que estão actualmente em consulta pública vários pedidos para a prospecção e exploração de lítio em áreas naturais classificadas para a região Centro, o consórcio manifesta a “sua profunda preocupação” e sublinha que tal situação representa “um perigo concreto para o desenvolvimento sustentável do território”.

Na base da apreensão estão os efeitos que tal poderia trazer ao nível dos habitats naturais e ecossistemas, bem como na gestão da paisagem e no equilíbrio do sistema agropastoril.

Os elementos do consórcio temem ainda pela estratégia de turismo sustentável que tem sido seguida e que está assente em elementos genuínos de identidade que combinam paisagem com experiências, contribuindo para criar valor económico.

“A exploração mineira é caracteristicamente uma actividade com grande consumo de água e energia, com riscos ambientais e sociais elevados. A poluição do ar e dos cursos de água representa um perigo concreto e imediato à conservação da natureza e da biodiversidade, ao desenvolvimento sustentável do turismo de natureza e põe em causa de forma clara a qualidade de vida das comunidades situadas no âmbito territorial dos pedidos em avaliação”.

Assumindo a importância que o lítio assume no contexto actual para os equipamentos electrónicos e de mobilidade eléctrica, o consórcio iNature refere que a “mudança que o planeta necessita reside muito mais num modelo circular de reaproveitamento e reutilização das baterias e dos componentes dos diversos equipamentos”.

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