Receitas na hotelaria crescem ao ritmo mais baixo desde 2013

Proveitos totais subiram 6% para 3602 milhões de euros em 2018, após quatro anos de crescimento a dois dígitos.

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Norte liderou o crescimento nos proveitos totais, com mais 12% Paulo Pimenta

Os proveitos totais na hotelaria subiram 6%, para 3602 milhões de euros no ano passado, depois de terem crescido a dois dígitos entre 2014 e 2017 (com uma subida foi de 16,9% em 2017). Para encontrar um ritmo mais baixo de crescimento é preciso recuar a 2013, período em que a variação foi de 5,3% (após a contracção verificada no ano antes).

Ainda assim, apesar do abrandamento, este indicador cresceu acima da variação do número de hóspedes e de dormidas. O mesmo se passou com os outros dois indicadores de performance financeira do sector, o dos proveitos de aposento, que subiram 6,5% para 3654 milhões, e o do rendimento médio por quarto disponível (RevPAR), que cresceu 4,4% para 52,5 euros.

De acordo com os dados da actividade turística de Dezembro, divulgados esta quinta-feira pelo INE e que permitem ter um retrato completo de 2018, o número de hóspedes total teve uma variação de 1,7% face a 2017, chegando aos 21 milhões.

Aqui houve ritmos distintos, com os visitantes estrangeiros a darem nota de uma estabilização, ao crescer apenas 0,4% em termos homólogos, para 12,7 milhões. Já os residentes subiram 3,9%. No caso das dormidas a variação foi mesmo nula, devido à quebra de 2% por parte dos turistas estrangeiros, e que passa para -2,4% na estada média (fixou-se nas 3,2 noites).

Assim, o que se verificou foi uma subida das receitas superior à do número de turistas nos estabelecimentos hoteleiros. Até aqui, os dados mensais divulgados pelo INE não contabilizavam o universo do Alojamento Local (AL), mas, a partir de agora, vão ser também incluídos os AL “com dez ou mais camas” (ficando ainda de fora parte deste universo) e os “empreendimentos de turismo no espaço rural e de habitação”.

Menos britânicos, alemães e franceses

Depois de uma tendência de queda de treze meses consecutivos que cessou em Novembro, o mês de Dezembro assistiu a uma nova subida dos turistas britânicos. Mesmo assim, os dois últimos meses foram insuficientes para evitar um recuo anual de 5,8% (equivalente a 112 mil hóspedes) naquele que é o mercado mais importante para Portugal. Nas descidas destacam-se ainda a da Alemanha (um recuo de 3,8%, equivalente a 50 mil turistas), França (-2,1%), Holanda (-6,4%) e Polónia (que registou a maior variação negativa, com -16,4%).

Em sentido contrário estiveram os EUA, com uma subida de 20,1% (a maior de todas, equivalente a 138 mil turistas), seguindo-se o Canadá com 16,1% (com a passagem de mais 38 mil turistas pelo país) e o Brasil, com mais 8,6% (74 mil). O mercado norte-americano tem sido uma das apostas fortes da TAP, com novas rotas, o que ajuda a explicar a subida dos EUA.

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Chegada de turistas estrangeiros a Portugal tem sido um dos motores das exportações de serviços Nuno Ferreira Santos

Norte e Alentejo no topo das subidas

Olhando para as regiões, apenas três tiveram um crescimento nas dormidas de não residentes: Alentejo (+8%), Norte (que engloba o Porto, com mais 6%) e Área Metropolitana de Lisboa (+1%). A variação mais expressiva nas descidas foi a registada no Centro (-11%), mas a Madeira apresenta-se como a única que assistiu a um recuo também nas dormidas dos turistas residentes em Portugal. No entanto, todas as regiões assistiram a uma subida dos proveitos totais, desde a Madeira (que teve a subida menos expressiva, com 1,1%) ao Norte (que liderou o crescimento, com mais 12%). No caso do Norte, a região foi também a que mais cresceu no número de hóspedes (4,6%).

Turismo pesa nas exportações

A chegada de turistas estrangeiros a Portugal tem sido um dos motores das exportações de serviços, colocando a balança comercial (bens e serviços) com o exterior em terreno positivo.

Em 2017, as exportações do turismo subiram 19%, chegando aos 15,1 mil milhões de euros e estabelecendo um novo recorde. Em Dezembro, o Banco de Portugal apresentou um estudo onde previa que estas exportações tenham um peso cada vez mais preponderante na economia portuguesa, chegando aos 9,3% do PIB em 2021, quando em 2017 o peso foi de 7,8%.

Ainda assim, a previsão é a de um abrandamento do ritmo de crescimento à medida que o calendário for passando. No documento, o banco central antecipava que em 2018 as exportações de turismo chegariam os 16,8 mil milhões (8,4% do PIB, o dobro do peso que tinham em 2010). Os valores finais do ano passado ainda não foram divulgados.

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