Marinho e Pinto recua e recandidata-se para "prestar contas"

Eurodeputado será o cabeça-de-lista pelo Partido Democrático Republicano, depois de ter dito que não queria voltar ao cargo.

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António Marinho e Pinto evr Enric Vives-Rubio

O anúncio foi feito pelo próprio Marinho e Pinto em conversa com o Expresso. O eurodeputado “não queria” por estar cansado, mas vai mesmo recandidatar-se nas europeias de Maio, agora como cabeça de lista do seu partido, o Partido Democrático Republicano (PDR).

Ao jornal, o actual eurodeputado diz que quer "prestar contas" e que isso só pode ser feito na campanha eleitoral. Uma posição que vai em sentido contrário às várias declarações que tem feito sobre o seu futuro político. Ainda no ano passado, em entrevista ao PÚBLICO, defendia que "em política os prazos devem ser limitados" e que, "além disso, há também um limite natural para as pessoas". "Eu sempre gostei da vida. E, quer como bastonário quer como deputado, tenho renunciado a muitas das dimensões da vida, das realizações pessoais que fariam a minha felicidade. Estou no meu limite, somos como os iogurtes, temos também um prazo de validade. E penso que o meu prazo está a chegar ao fim", disse em Janeiro de 2018.

Recusa, no entanto, que esta sua decisão tenha a ver com o salário de eurodeputado. Em 2014, Marinho e Pinto criou polémica ao dizer que o ordenado de eurodeputado [cerca de 19 mil euros por mês] era "vergonhoso", tendo em conta que é bastante superior a um ordenado em Portugal, mas também disse nessa altura que - ao contrário do que fez, por exemplo, o então eurodeputado Rui Tavares em 2009 - não iria prescindir do salário: "Sou pobre, preciso do dinheiro", justificou.

Olhando para trás, diz que estas declarações foram retiradas do contexto. "O dinheiro que me dão não o deito fora, mas não é isso que está em causa", disse. "O que está em causa é que se pague tanto a deputados para fazerem aquilo que fazem e sobretudo para representarem politicamente os eleitores".

Numa outra entrevista, ao Diário Económico, em 2015, justificava a decisão de se candidatar às legislativas desse ano - o que acabou por fazer já não pelo MPT, com o qual se incompatibilizou, mas pelo PDR, que fundou entretanto - com o facto de não estar satisfeito com a experiência como eurodeputado: “Verifiquei uma coisa que não sabia antes: o Parlamento Europeu não tem utilidade. É um faz-de-conta. Não manda nada, apesar de todas as ilusões, todas as proclamações, que são mentiras”. E acrescentou que só confirmara esta realidade depois de eleito: “Não há como estar lá e experimentar”. O PDR obteve 1,14% dos votos nas legislativas de 2015 e não elegeu qualquer deputado.

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