PSD identifica-se com mensagem de Marcelo e recusa “dizer mal de tudo”

Dirigente social-democrata garante que estratégia de Rui Rio para fazer oposição ao Governo de António Costa vai manter-se, apesar de expor o PSD a "algumas críticas".

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Rui Rio LUSA/FERNANDO VELUDO

André Coelho Lima, vogal da comissão política nacional do PSD, considera que o apelo ao “bom senso” do Presidente da República no combate político “vem completamente ao encontro” do que tem sido defendido por Rui Rio.

“O PSD tem sabido ser uma oposição séria e responsável e ter a postura que os portugueses esperam de um partido de oposição em 2019: que esteja disponível para o diálogo e conversar com quem está no poder para que possam realizar-se as reformas de que o país precisa”, afirmou o dirigente, em declarações aos jornalistas no Porto, em reacção à mensagem de Ano Novo de Marcelo Rebelo de Sousa.

André Coelho Lima admite que essa postura do líder tem “exposto o PSD a algumas críticas”, mas que isso não vai alterar a estratégia. “O PSD tem resistido - e vai continuar a resistir - a dizer mal de tudo. Tem resistido - e vai continuar a resistir - a prometer o impossível e a entrar num discurso populista”, assegurou, concluindo que a mensagem de Marcelo “vai completamente ao encontro” das ideias de Rui Rio.

Na mensagem divulgada esta terça-feira à noite, o Presidente da República lembrou o ano eleitoral de 2019 e apelou a que os partidos não deixem de “debater tudo, com liberdade” mas que “não criem feridas desnecessárias e complicadas de sarar”.

Outro aspecto salientado pelo PSD sobre a mensagem tem a ver com a economia. Também aqui o PSD se identifica com a ideia da necessidade de preparar o futuro. “Se há tecla em que temos batido é a da necessidade de ter políticas para preparar o futuro. Temos afirmado que o Governo tem governado para o presente sem preparar a economia para as crises que são cíclicas”, salientou André Coelho Lima.

Relativamente à nota deixada por Marcelo sobre a pobreza, o dirigente social-democrata aproveitou para apontar que os números são incompatíveis com a “satisfação” manifestada pelo primeiro-ministro na mensagem de Natal, na passada semana, sobre o crescimento da economia. André Coelho Lima considera que a existência de dois milhões de pobres significa que “o Estado está a falhar” e, tal como há uma semana, contrariou a ideia deixada por António Costa de que a economia portuguesa cresceu mais do que a média da União Europeia: “Portugal não se aproximou da Europa”.

PS recusa “aventureirismos”

A reacção oficial do PS foi proferida, esta quarta-feira de manhã, pela secretária-geral adjunta, Ana Catarina Mendes, que mostrou pela concordância com Marcelo Rebelo de Sousa, assumindo que os socialistas partilham “de todas as preocupações expressas pelo Presidente” na sua mensagem. “Não é possível aventureirismos, radicalismos, nem excessos nas reivindicações. É preciso continuar a trilhar um caminho de confiança, de segurança”, afirmou a também deputada.

“O apelo que o senhor Presidente da República faz sobre regime democrático e sobre a fragilidade da democracia e a necessidade do compromisso de todos para reforçar e para robustecer a democracia é partilhado pelo PS a 100%”, disse Ana Catarina Mendes. “O apelo ao combate à abstenção e a necessidade que temos de cada um de nós ter um instrumento, o voto, para poder escolher os destinos que queremos nos nossos governos nacionais Portugal ou o destino que queremos na Europa ou no governo regional é para nós essencial, temo-lo dito ao longo dos tempos”, recordou.

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A socialista mostrou-se também em sintonia com o Presidente no que diz respeito aos populismos e à Europa, aproveitando para anunciar um ciclo de convenções que o PS vai ler a cabo. “A governação nacional tem de ser de bom senso. É isso que o PS tem feito, é isso que ao longo dos tempos, com os resultados que se tem visto. Mas o PS também está empenhado em que a Europa volte a ser um projecto de paz, de segurança de respeito pelos direitos humanos. Por isso mesmo, já na próxima semana o PS inicia as suas convenções regionais para debater a Europa que vai desde o Brexit aos fundos estruturais”, revelou.

Questionada sobre os alertas do Presidente, que disse que a crise já passou, mas é preciso olhar de forma mais profunda para o futuro, Ana Catarina Mendes lembrou que o primeiro-ministro, na sua mensagem de Natal, disse também o mesmo. “Já caminhámos muito com resultados muito positivos. É preciso continuar a trabalhar para que os portugueses possam ter futuro aqui onde escolheram viver. Falar de ambição é também uma preocupação partilhada com o Presidente. Não é possível aventureirismos, radicalismos, nem excessos nas reivindicações. É preciso continuar a trilhar um caminho de confiança, de segurança”, reforçou.

Ana Catarina Mendes leu ainda, na mensagem presidencial, um alerta “aos que prometem tudo o que não podem dar”, nomeadamente à direita, que “temos ouvido prometer tudo aquilo não foi capaz de fazer ao longo de quatro anos”. Para o PS, pelo contrário, “prometer é cumprir”, conclui. com Sónia Sapage

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