Caitlyn Jenner já não apoia Trump: a esperança no presidente foi "mal colocada"

A estrela de reality e ex-atleta olímpica retirou o seu apoio a Trump, escrevendo numa coluna do Washington Post que a comunidade trans está a ser atacada pelo presidente.

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Reuters/Danny Moloshok

Caitlyn Jenner já não apoia Donald Trump, escreve numa coluna do Washington Post. A estrela de reality e ex-atleta olímpica declarara publicamento o seu apoio ao Partido Republicano nas eleições de 2016, suscitando críticas da comunidade trans. "A esperança de que Trump apoiasse a comunidade LGBTQ foi um erro", reconhece agora.

As declarações de Jenner surgem poucos dias após ter sido conhecido um documento produzido pela administração de Trump, que defende o fim do reconhecimento oficial das pessoas transgénero e considerando que o género condiz sempre com o sexo biológico. Não é a primeira medida que Trump apoia a limitar os direitos das pessoas trans: logo no segundo mês do mandato revogou uma medida da era de Obama que dava direito aos estudantes de usar a casa-de-banho que correspondia ao género com o qual se identificavam e meses depois, em Julho de 2017, anunciou que iria proibir a entrada de pessoas trans nas forças armadas.

"A realidade é que a comunidade trans está a ser atacada implacavelmente por este Presidente. O líder da nossa nação não mostrou qualquer respeito por uma comunidade que já é marginalizada e debilitada. Ele ignorou a nossa humanidade. Ele insultou a nossa dignidade", escreve Jenner, acusando o governante de se aproveitar da comunidade trans para galvanizar a ala mais à direita do Partido Republicano.

Antes das eleições, Trump deu a entender, em várias ocasiões, que iria governar a favor da comunidade LGBT. Na convenção republicana de 2016 assegurou que iria proteger os cidadãos LGBT. "Senti-me encorajada pelo aplauso que recebeu [de republicanos]", confessa Jenner. Também numa entrevista ao programa Today, em Abril de 2016, Trump afirmou que não teria problema se Catlyn Jenner fosse à Trump Tower e usasse a casa de banho das mulheres. "Houve muito poucas queixas da forma como as coisas estão. As pessoas usam a casa de banho que consideram apropriadas. Têm havido tão poucos problemas", comentou então.

"Depois da eleição do Presidente, vi um solo fértil para mudança", admite Jenner. "Acreditei que poderia trabalhar dentro do partido [republicano] e da administração de Trump para mudar as mentalidades daqueles que mais precisam", continua, acrescentando que a sua esperança em Trump foi "mal colocada". Em Novembro do ano passado, a ex-atleta passou por Lisboa, para participar na Web Summit, e explicou que sempre esteve no lado mais conservador do espectro político, nomeadamente em relação ao peso do governo, e que teria votado em qualquer candidato do Partido Republicano. Mas deixou em aberto se voltaria a votar em Donald Trump, numa eventual corrida de reeleição.

Ao longo dos últimos meses, Jenner — uma das vozes mais influentes da comunidade trans — criticou as posições tomadas pela actual administração, mas nunca retirou oficialmente o seu apoio a Donald Trump. Chegou inclusive a oferecer a sua disponibilidade para falar directamente com o Presidente. "Muito brevemente vamos ganhar liberdade completa a nível nacional e será com o apoio bipartidário", declarou num vídeo publicado no Twitter em 2017, dirigido às pessoas trans.

Jenner afirma que está agora, mais do que nunca, decidida a dar mais visibilidade às causas relacionadas com a comunidade trans, dentro e fora dos Estados Unidos, inclusive por exemplo em relação à discriminação laboral, violência e acesso a cuidados de saúde. "Preciso de usar melhor a minha voz, o meu privilégio e a minha fundação para defender e apoiar a nossa comunidade", admite.

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