Em Portugal também dá para ir daqui ali e pouco (ou nada) poluir
A viagem ambientalmente sustentável segue por cá. Alternativas há, ideias também – duas delas podem morar no ecrã do telemóvel e lançam desafios que descartam carros. Outras apontam para a extinção das lombas, tudo por um bom motivo.
Acabámos a lista de projectos de mobilidade no estrangeiro com uma proposta do Governo holandês: pedalar para o trabalho por recompensas monetárias. A viagem ambientalmente sustentável segue, agora, por Portugal, a partir de Lisboa. A aventura da Biklio começou mesmo na capital, mas já “houve testes em Braga e em Torres Vedras”, estando a ser preparado “o lançamento em Aveiro”, avança João Bernardino, da startup. É mesmo isso: pedalar por benefícios em lojas que cooperam com a aplicação (disponível para Android e iOS), que rastreia a actividade de quem a usa através “da vibração detectada”. Depois, na loja, é só confirmar o exercício feito e receber a recompensa. Para além disso, pode-se comer sem culpas — andar de bicicleta conta sempre como exercício físico.
A saga das bicicletas continua, agora com a oportunidade de se escolher mais do que um destino; desta vez, a partir de duas universidades. O Instituto Politécnico de Viana do Castelo (IPVC) quer ver os seus alunos, professores e funcionários a deslizar pelos campi nas Bira a partir deste mês. São 200 bicicletas (160 eléctricas e 40 convencionais) espalhadas pelas seis escolas do IPVC, que se encontram em Viana do Castelo, Ponte de Lima, Valença e Melgaço. Em comunicado, Carlos Rodrigues, vice-presidente do IPVC, apontou que o objectivo é “a sensibilização da academia e, através da academia, a sociedade em geral, para a necessidade de se substituir a mobilidade assente nos combustíveis fósseis para uma mobilidade ‘suave’.” Para além das Bira, também serão oferecidos capacetes, cadeados, minibombas e kits de ferramentas. O IPVC é uma das 15 instituições académicas que receberam as bicicletas da U-Bike Portugal, um projecto do POSEUR - Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos. As bicicletas podem também ser encontradas nas academias de Bragança, Vila Real, Porto, Covilhã, Évora ou Beja.
Gémeos rijos? A descansar também é possível ajudar, igualmente, a atingir objectivos de mobilidade sustentável; desta vez, ao telemóvel. A proposta da Mobility Urban Values (MUV) é um jogo — com níveis para desbloquear de acordo com os pontos conquistados — que também serve de “observatório” para um projecto de investigação e inovação financiado pela Comissão Europeia, o Horizon 2020. Em Portugal, brinca-se no Fundão. A cidade é uma das seis escolhidas pela MUV, que analisa os hábitos de mobilidade dos seus utilizadores. Amesterdão, Barcelona, Gent, Helsínquia e Palermo também entram na brincadeira. A aplicação quer “promover uma mudança para escolhas de mobilidade sustentáveis e saudáveis”, encorajando os jogadores a realizar uma série de desafios. Terminada a tarefa, há recompensas no comércio local das cidades. Tudo isto para permitir que se “aprimorem os processos de planejamento” e para “criar novos serviços capazes de melhorar a qualidade de vida das cidades de maneira mais eficaz”, explica a página da app do Fundão.
Da Beira Baixa seguimos directos para Olhão, a espreitar a Ria Formosa. É possível que por lá se encontre o Sunsailer 7.0, um barco movido a energia solar, criado mesmo ali, no Algarve, pela Sun Concept. João Bastos, director-geral da empresa nascida em 2015, explica que o Susailer é “ideal para zonas costeiras protegidas ou rios” — e é por isso que também o podemos ver pelo Minho, Aveiro ou Cascais. Na verdade, os 18 barcos (para já) construídos pela empresa algarvia encontram-se “um pouco por todo o país”. A embarcação movida pelo sol aguenta-se até nove horas sem ele e tem espaço para 12 pessoas, estando preparado para “turismo marítimo, pesca ou mergulho”. Ainda por pousar no mar está o primeiro catamarã da Sun Concept, o Cat 12.0, que está em fase de acabamento. “É um barco pronto para mar aberto, leva 25 pessoas e pode enfrentar vagas de seis metros e vento forte”, aponta João Bastos, que explica ainda as possibilidades do catamarã: “Pode servir para turismo de alta qualidade, mergulho e também fazer pequenas carreiras, transportando os ocupantes.”
Enquanto esperamos pelo catamarã, podemo-nos fazer à estrada e seguir para outras paragens. Pelo caminho, o carro faz com que os postes de luz, os semáforos ou as passadeiras se iluminem. É mesmo na estrada, com o carro a saltitar entre lombas, que encontramos o último destes exemplos: o pavimento da Pavnext, uma startup portuguesa, que não tem só uma função. Além de substituir as desconfortáveis lombas das estradas, o pavimento também desacelera o veículo (mesmo sem o pé no travão) e, sem repararmos, capta-lhe “a energia cinética e converte-a em energia eléctrica”. A tudo isto acrescenta-se a recolha de “dados de velocidade e tráfego” e de “energia gerada e consumida” — informações relevantes sobre “a circulação rodoviária e o consumo energético para as cidades inteligentes”, explicou ao P3 Francisco Duarte, da Pavnext, em Outubro de 2017, quando a venceu ganhou um dos prémios do Climate Launchpad, “o maior concurso de ideias de combate às alterações climáticas do mundo.”
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